Tuesday, 7 July 2009
Obrigada, Pina...
«Consegui!!! Consegui comprar um bilhete para ver finalmente ao vivo a companhia da Pina Bausch, a Wuppertal Tanztheatre, em duas criações emblemáticas: «A Sagração da Primavera» e o «Café Muller». Após tantos anos de espera...
O trabalho da Pina Bausch é uma inspiração para mim.
Porque o que conta são as pessoas. Somos nós. As suas histórias são as nossas histórias. Vemos abraços, encontros, desencontros, alienação e a procura desesperada de um sentido no meio do caos. Pina fez-me tomar consciência de que toda a criação artística é uma metáfora da Vida, onde o passado se cruza com o presente. E talvez com o futuro...
Porque a sua matéria-prima são as emoções. São as nossas emoções. No ‘Café Muller’ há uma distância brutal entre todas as personagens; elas nunca se encontram… é-me muito perturbador. Duas delas estão absorvidas num abraço inerte. São ausentes, anestesiadas, talvez oníricas; há a mulher solitária. Nervosa, perdida em gestos indecisos. Ela procura e procura, mas não sabe o quê, onde nem porquê; e depois o 'waiter', a personagem mais real no meio de personagens isoladas no seu mundo. O rapaz que procura em vão compor o mundo através das cadeiras e dos abraços. Eu pergunto, no meio destas personagens onde estamos nós? Somos aqueles dois seres que se abraçam como que fugindo ao que os rodeia? Ou aquela mulher perturbada, perdida em si própria? Ou aquele ser que procura desesperadamente pôr ordem nas cadeiras do café? Não fomos todos já um pouco destas personagens? Sim, a distância entre elas é tremendamente perturbadora. E é nesta distância ou tensão que eu quero trabalhar.
Porque os seus bailarinos estão longe dos padrões de beleza e de performance física que nos são apresentados a todo o momento pela TV e media em geral. Os seus bailarinos são pessoas como nós. Os seus corpos também envelhecem, ganham rugas e marcas com o tempo. Pina B. sabe que um corpo sem marcas é um corpo sem histórias; é um corpo incapaz de uma expressão inteira. Por isso ela não trabalha com belezas plásticas e rígidas; ela trabalha com pessoas como nós. Com corpos que sentem como os nossos. E o sentir forte não é apanágio da juventude. É apanágio do ser humano;
Pina B. é uma pessoa que se atrapalha com as palavras. Não é através delas que melhor se exprime. É pelos gestos das suas mãos. É aí que tudo começa. Tudo o que nos é apresentado um dia como grande e sofisticado, começou por uma pequena pergunta ou por um movimento não pensado. Mais uma vez, a importância das coisas sem importância...
Por tudo isto e muito mais, ela me inspira.
Teresa»
PS. Música de Purcell. Liiiiiinda!!!!
Thursday, 9 April 2009
Unbound & Franko B
Meu Deus, que homem mais intenso! Só poderia ser latino (e muito gay)!
Thursday, 25 September 2008
(Última) Crónica inglesa 13: 'Round Midnight

Eu ando a pensar TUDO ao contrário e isto deve-se a muitos factores.
Voltando ao meu projecto final, esta performance tornou-me ainda mais confiante no meu trabalho. Verifiquei que posso e devo ir mais longe na minha entrega emocional. A Sarah encorajou-me muito a prosseguir estas performances: performances com música, mas improvisada. É um grande desafio para mim. Continuo a afastar-me cada vez mais do perfil normal de músico e a entrar mais na "live art", que me atrai pelos seus "não-limites".
E regresso ao Porto. Ao conforto da minha casa. Hoje decidi ser turista na minha cidade. Pus sandálias, auscultadores, mochila e caminhei pelas suas ruas. Guardo a imagem de um casal de idosos a chegar de táxi ao Hospital S. António. Comoveu-me. Ela toda vestida de negro e o Sr. tinha uma fragilidade tão digna que me comoveu. Ele, cujo rosto vi com mais clareza, era lindo! Não no sentido monocromático que vejo nas revistas, mas lindo na sua humanidade, numa vida cheia espraiada no seu rosto cheio de ruguinhas, no seu fato domingueiro, muito limpo, de corte e vinca impecável. Ele sentiu o meu olhar; sorri e continuei o meu caminho.
Teresa
Thursday, 7 August 2008
Crónica inglesa 12: Festival Dínamo
O melhor dos dias são as noites... já não sabia o que era estar sentada num jardim nas primeiras horas da madrugada, com o corpo cansado e com uma satisfação interior de dever cumprido. Fico horas assim, sentada neste banco de jardim. A sentir a temperatura amena na pele, a ouvir o silêncio, e a "ouvir-me". Pergunto-me: como estás Teresa?
Estou parada, calma e nostálgica. Porque se aproxima a hora de me despedir deste banco, deste riacho, destas árvores e desta relva verde, sempre verde. Porque aprendi muito e fiz o que gosto ao longo deste ano. Sim, tive lágrimas, mas o saldo é francamente positivo.
Penso em Portugal, onde pessoas pagam do seu bolso para organizarem festivais fora do espírito massificador/consumista e lutam por um respeito elementar à diferença. Estes têm de ser os nossos heróis! Por isso transcrevo a minha resposta ao organizador do festival Dínamo (festival de músicas exploratórias) que decorreu na terra sacrossanta de Barcelos!! Eu não consigo imaginar algo de alternativo/experimental a contecer na minha terra-berço, sempre tão avessa a ambições de qualquer ordem. Às vezes aparecem oásis como este...
«Olá Luis Jacinto, obrigada pelas informações. Acabo de ver o site "esquilo" e é bom ver que há muita coisa para eu ouvir, conhecer e aprender. Fiquei curiosa. E surpreendida. Sim, Portugal é um país periférico, mas não me parece à deriva do resto do Mundo. Há sempre oásis a aparecer e lutas a acontecer. Há muita "cena" alternativa e isso enriquece-o.
Este ano estive praticamente isolada do mundo, num local incrivelmente internacional mas, infelizmente, muito igual. Pergunto-me, como é possível que as pessoas, que vêm de todos os hemisférios e latitudes, sejam tão idênticas, tão pouco curiosas pelo mundo, tão pouco ousadas na Vida? Como é possível se contentarem com tão pouco e ainda por cima sem serem capazes de pensar se isso é o que realmente querem? Por isso, felicito-vos pela organização de algo alternativo, arrojado; algo que questiona o que entendemos ser "música". A arte não pode ser direitinha, conformada, demasiado confortável. Às vezes ela tem de ser, como diria Antonin Artaud, "cruel". Eu uso a música para as questionar sobre tudo isto, como provocação. Mas sempre de forma "amável", sem gritos histéricos. Sempre com muita calma. Por isso faço "performances".
Estar nesta universidade foi-me muito enriquecedor. Aprendi o que é improvisação, que eu transformo em performance, e encontrei os livros que justificam tudo o que faço. Portugal deu-me coisas boas, claro, mas faltaram estas duas coisas: livros e improvisação. Por isso, há que continuar, espero que com apoios da próxima vez, porque um mundo sem alternativas é um mundo cruel! Parabéns pelo vosso esforço e vou ficar atenta às vossas actividades.»
Teresa
Wednesday, 2 July 2008
Crónica inglesa 11: Everything must change!
Ontem fui ao encontro de lusos que estudam ou investigam aqui no Reino Unido (LUSO2008 em Oxford). Oradores muito bons. Alguns conhecidos, outros nem tanto, mas todos muito bons. Falaram das suas razões, dificuldades, alegrias em regressar (ou não) para Portugal, após a sua experiência inglesa.
Que aprendi?
Que a vida se faz aos ziguezagues, de decisões com período de validade, de flexibilidade e de espírito empreendedor. Nós Portugueses somos uns eternos "sebastiânicos"; estamos sempre á espera de quem nos descubra, nos resgate, nos salve, nos dê as respostas certas. Em alternativa, porque não sermos pró-activos e criarmos o nosso próprio espaço de expressão no mundo? Como sempre, tudo está dentro de nós.
Aquele mundo de certezas feitas, de planos perfeitamente delineados (ao pormenor!) quanto ao nosso futuro, isso tudo já era. Vivemos num mundo em constante mudança, volátil, virtual, em que tudo nos seduz e nos promete facilidades e sonhos (obviamente, sem envolver qualquer esforço da nossa parte!). Face a tudo isto temos de ter a coragem, se for necessário, de mudar, de alterar, de ajustar, de flexibilizar os nossos planos e convicções. É aqui que reside o segredo de viver no mundo de hoje. Neste mundo que eu tento perceber quer vivendo-o ‘por dentro’ quer observando-o 'de fora'. Pergunto-me: Quem somos? Como vivemos? O que nos move? Como nos exprimimos? Não acho que seja um mundo melhor ou pior que o do passado. É um mundo diferente. Um mundo que exige pensamento crítico. E depois, novas formas de estar e de nos exprimirmos nele.
Ontem também (re)aprendi que os campeões não são aqueles que não erram ou que nunca perdem. São os que se levantam a seguir; os que face às dificuldades persistem e procuram respostas alternativas noutros caminhos. Foi o que João Rocha (um ilustre ‘desconhecido’ da Universidade de Aveiro) me lembrou com a sua apresentação. Exemplo de sobriedade, de espírito de luta face às adversidades e de alguém que se fez fora dos caminhos normais de ‘sucesso’. E eu também me sinto um bocado fora: fora na minha forma de fazer música; fora do espírito normal dos conservatórios; fora das universidades míticas da música; e sei lá que mais.
A sua comunicação fez-me recordar os meus dois últimos exames desta temporada. Na passada segunda-feira fiz o pior exame da minha vida. Era um projecto de música improvisada em que outros músicos tocavam o que eu planeei. Eles não perceberam o que eu queria e o resultado não foi nada bom. Enfim, fiquei de rastos. Apesar do meu cansaço extremo, tinha de arranjar forças para reverter a péssima impressão que fiz e fazer algo muito bom no dia seguinte, no meu projecto a solo. E fiz!
Era suposto e esperado que tocasse piano. Isto é, que modelasse os meus gestos para obter certo resultado sonoro. Mas, perguntei-me, não há tanta gente a fazer isso tão bem? Que posso trazer de novo? Resolvi fazer o oposto. Em vez de partir do som, parti do meu corpo. Trabalhei movimentos, gestos e acções que produzissem um som por consequência deles. Som como um fruto secundário (mas não residual!) dessa "coreografia". Criei uma história, uma narrativa, um plano de eventos, uma metáfora da vida através das minhas mãos e o resultado de tudo isto, quer em termos visuais quer sonoros, foi no mínimo...forte! Não queiram saber da minha enorme satisfação. A satisfação de ter consegui ultrapassar a minha "derrota" e apresentar-me ao mais alto nível criativo. E é aqui que tudo faz a diferença; no dar a volta ás dificuldades, em não desistirmos de fazermos melhor.
Sou um ser humano. Tenho fragilidades e limitações. Mas também tenho uma força que me faz exceder tudo isto! A Arte é isto mesmo: uma transcendência e uma ilusão. Por momentos consigo exceder todas as minhas limitações. Naqueles minutos que estou no limbo, vivo no nirvana, num mundo de utopias, regresso à felicidade da infância. Sou muito muito FELIZ!! Quando termino a performance, volto a ser normal. E sou feliz por ser normal. É nesta dualidade que encontrei o meu equilíbrio.
Teresa
Saturday, 9 February 2008
Crónica inglesa 10: Dias de Catarse
Têm amanhecido uns dias solarengos por estas terras. É estranho ver este sol forte pela janela; não o associo a Londres mas ao Sul de Portugal. Lembra-me Lisboa, capital tão branca e luminosa. A nossa capital tem algo de único. É atlântica. É oceânica. Tem um horizonte infinito que logo mesuscita saudades. Que bons momentos passei por Lisboa.
Nas últimas semanas passei uns tempos turbulentos. Por isso preferi não escrever. Estive muito, muito sensível, até mesmo deprimida. Vivi uma tensão constante e nem sempre tive forças para eliminar os pensamentos mais obscurosda minha mente. Mas tudo isso já passou. Estes dias têm sido ‘catárticos’.
Fiz a minha «performance com música» e correu MUITO bem!! Quão natural foi para mim tocar e improvisar daquela maneira. Sofri semanas à espera deste momento, mas quando ele chegou, só me restou fazer uma coisa: brincar,divertir-me! Fiz a minha catarse em palco e sempre com muita, muita calma. É sempre bom sentir os olhares das pessoas atentas aos meus gestos/movimentosmais ínfimos; até mesmo á minha respiração. O público é a minha maior inspiração. A minha tutora ficou rendida Finalmente ela compreendeu a minha linguagem; a minha forma de fazer música. Sinto-me compreendida e acarinhada. Cheia de vontade de voar, voar, voar...
Graças também a ela também resolvi o meu único problema 'relacional' aqui naBrunel e que se prendia com um Professor meu. Cansei-me do seu espírito crítico e queixei-me à minha tutora; graças a ela fui recebida com sorrisos e com um olhar directo por ele. Apesar do meu espanto, que quase me petrificou, consegui reagir e pedir-lhe uma conversa.Falei. Falamos. Unicamente de aspectos profissionais, mas foi o suficientepara resolvermos os nossos mal-entendidos; agora estou muito mais aliviada e confiante. As reconciliações são poderosas. Elas mudam repentinamente a percepção que temos das pessoas: de pessoa horrível ele passou a ser pessoa sensível. Apenas se assustou comigo e interpretou o facto de eu nem sempre concordar consigo como algo ofensivo à sua pessoa, como arrogância e falta derespeito pelo seu trabalho. E não é nada disso. Eu só procuro a minha linguagem por caminhos diferentes. Bem, agora só quero estar bem com ele e sentir a sua confiança em mim. Portanto, vivam as reconciliações! Elas têm de acontecer mais vezes na Vida. Acho que é uma sorte quando podemos resolver assim os nossos equívocos com os outros. Esta foi a minha segunda catarse da semana.
E para terminar, uma terceira catarse, agora a nível pessoal. Aproveitei a onda e decidi cortar de vez com o meu Passado mais recente. Quero partir para o Presente sem amarras. Sinto-me outra vez livre para viver. Em suma, precisei de chorar um bocado para me renovar. Para renascer o so ldentro de mim, tal como acontece lá fora.
Sol.
Teresa
PS. Música do Philip Glass.
Saturday, 19 January 2008
Crónica inglesa 9: Pina Bausch
O trabalho da Pina Bausch é uma inspiração para mim.
Porque o que conta são as pessoas. Somos nós. As suas histórias são as nossas histórias. Vemos abraços, encontros, desencontros, alienação e a procura desesperada de um sentido no meio do caos. Pina fez-me tomar consciência de que toda a criação artística é uma metáfora da Vida, onde o passado se cruza com o presente. E talvez com o futuro...
Porque a sua matéria-prima são as emoções. São as nossas emoções. No ‘Café Muller’ há uma distância brutal entre todas as personagens; elas nunca se encontram… é-me muito perturbador. Duas delas estão absorvidas num abraço inerte. São ausentes, anestesiadas, talvez oníricas; há a mulher solitária. Nervosa, perdida em gestos indecisos. Ela procura e procura, mas não sabe o quê, onde nem porquê; e depois o 'waiter', a personagem mais real no meio de personagens isoladas no seu mundo. O rapaz que procura em vão compor o mundo através das cadeiras e dos abraços. Eu pergunto, no meio destas personagens onde estamos nós? Somos aqueles dois seres que se abraçam como que fugindo ao que os rodeia? Ou aquela mulher perturbada, perdida em si própria? Ou aquele ser que procura desesperadamente pôr ordem nas cadeiras do café? Não fomos todos já um pouco destas personagens? Sim, a distância entre elas é tremendamente perturbadora. E é nesta distância ou tensão que eu quero trabalhar.
Porque os seus bailarinos estão longe dos padrões de beleza e de performance física que nos são apresentados a todo o momento pela TV e media em geral. Os seus bailarinos são pessoas como nós. Os seus corpos também envelhecem, ganham rugas e marcas com o tempo. Pina B. sabe que um corpo sem marcas é um corpo sem histórias; é um corpo incapaz de uma expressão inteira. Por isso ela não trabalha com belezas plásticas e rígidas; ela trabalha com pessoas como nós. Com corpos que sentem como os nossos. E o sentir forte não é apanágio da juventude. É apanágio do ser humano;
Pina B. é uma pessoa que se atrapalha com as palavras. Não é através delas que melhor se exprime. É pelos gestos das suas mãos. É aí que tudo começa. Tudo o que nos é apresentado um dia como grande e sofisticado, começou por uma pequena pergunta ou por um movimento não pensado. Mais uma vez, a importância das coisas sem importância...
Por tudo isto e muito mais, ela me inspira.
Teresa
Tuesday, 27 November 2007
Crónica inglesa 8: International Symposium on Performance Science (ISPS 2007)
Quanto à conferência, confesso que foi demasiado técnica/científica para mim (acho que os músicos têm aversão a estas coisas..). Foi muito a 'british school', ou seja, a música é tratada de forma essencialmente quantitativa e psico/neurológica. Além disso, todos estudam a música num sentido quanto a mim muito restritivo e canónico. Ouvir estas perspectivas não me faz mal nenhum, claro, mas sei que não é por aí que quero fazer o meu caminho, seja ele qual for. Eu procuro uma nova forma de pensar e fazer música.... vi-me num prisma muito inovador face ao 'mainstream' e isso é ÓPTIMO, como é óbvio!!
Mas há outras coisas boas, nomeadamente as pessoas que conheci. Um Professor da UCLA, muito bem humorado; uns canadianos (um deles era também um dissidente da Bioquímica, tal como eu!); e uma espanhola, de quem fiquei especialmente amiga. Que pessoa maravilhosa!! Somos da mesma idade, vivemos fases parecidas na Vida e, curiosamente, temos 'temas' de investigação parecidos. Espero tê-la como minha amiga no futuro, tal como aconteceu com a Gerda, a minha amiga alemã.
Para terminar, eis-me toda sorridente junto ao poster mais bonito da conferência (o profissionalismo da Patrícia fez TODA a diferença. OBRIGAAAAAAAAADA!!!). Não sei como, mas estou sempre a sorrir nas fotos. Não consigo ver o cansaço atroz que sentia nesses momentos. Acho que isto de ser ás vezes meio 'actriz' ajuda-me...
Fiquem bem!
Teresa
Saturday, 3 November 2007
Crónica inglesa 7: A minha estreia no grupo «New Noise»
O mais marcante da semana foi a minha estreia como 'vocal improviser' nos New Noise. Foi, no mínimo, uma estreia muito interessante. Deixei a minha marca de forma muito forte no seio do grupo (como dizia César: vim, vi e venci). Foi algo inevitável e natural. Não consegui ser apenas cantora, no sentido melódico do termo. Tive de imitar vocalmente tudo o que imaginei, tudo aquilo que os sons me sugeriam a nível de imagem ou de apenas emoção. Eis algumas das personagens que fui:
- fui uma criança, que só queria brincar e correr com o seu amiginho;
- fui um homem bêbado, perdido, cuja dor da Vida é anestesiada pelo álcool (inspiração de Tom Waits, claro);
- fui uma brasileira 'gostosona' a passear no calçadão de Copacabana;
- fui uma africana, mulher lutadora, com vida difícil...mas sempre feliz e com um sorriso aberto e sincero na cara;
- fui uma cantora de Jazz, sempre com uma voz quente, sexy e 'spicy', apesar das amarguras da Vida;
- fui uma guitarra baixo a tocar algo funky, sempre imbuída de ritmos dançáveis e urbanos;
- fui uma ninfa/druida/fada (?), cujo canto angélico paira sobre as pedras de Stonehenge (que ainda não visitei, ups!) num apelo místico a outro mundo;
- fui apenas um sopro, um suspiro de ânsia e de paixão desejada, mas não consumada (inspiração da 'Mazurka Fogo', da sempre surpreendente Pina Bausch);
- e fui o vento... fui a própria Natureza.
Enfim, foi incrível os sítios por onde a minha imaginação voou naquele momento. Fui uma surpresa para os meus colegas, mas fui-o sobretudo para mim. Eu aprendo tanto sobre mim e sobre Música 'fazendo-a'... Fui feliz nestes momentos. Esqueço tudo e todos; só conta a energia, a imaginação...
Ando excitada com a música improvisada, com o trabalho do John Zorn, com o 'nosso' Carlos Zíngaro (talvez faça um trabalho sobre ele..), porque estou a sentir na pele a energia e a liberdade que a improvisação dá. Parece que toca as nossas energias vitais. E depois, ela é tão inclusiva, abarca tudo e todos. É o espírito que procurava à tanto tempo... encontro-o agora, yes!!
Também ando a saber mais sobre a interacção da música com o movimento lendo entrevistas à 'performer artist' Meredith Monk, vendo coreografias da Pina Bausch, da Anne Teresa Keersmaker, da Trisha Brown, e outros. Estou em fase de recolha de estímulos. Depois tudo isto irá transparecer nos meus trabalhos, em especial nos ligados à parte improvisada e performativa. Já tenho algumas ideias...
Fico por aqui. Espero encontrar-vos bem e talvez nos reencontremos em breve!!
Teresa
Saturday, 27 October 2007
Crónica inglesa 6: Nada para vos contar...
Uma boa consequência dos meus últimos mails foi o facto de receber mensagens e mensagens, até dos mais 'adormecidos'. Algumas com observações críticas; outras profundamente agradecidas, por sentirem empatia e conforto com as minhas palavras; e a mais extraordinária foi saber que pus alguém a chorar. Mas que privilégio, meu Deus!! As palavras têm mesmo poder...
Reparei à dias que o meu diario está 'vazio' de escritas. Não tenho escrito nada. Apercebi-me então que vocês são o meu 'diário'. Pela primeira vez, partilho o meu 'livro' com alguém, que são vocês! (Confesso que me arrepia um bocado esta ideia...)
Não tenho nada de excitante para vos contar. A semana foi uma trapalhada:
- Ontem fui acordada com o alarme de incêndio Não sei como não andei mal-disposta todo o dia. Claro que fui a última a sair do edifício. Não me apetecia ir de pijama para a rua e 'desconfiava' que era um ensaio. O costume, em hora de pânico eu sou clamíiiiiiissima!! Mais tarde recebo um aviso horrível, quase a tratar-me como criminosa, por não ter saído do quarto em menos de 1 minuto. Enfim...
- Não tive performances esta semana, ou seja, não tive 'pedradas', que chatice!! Mas fui boa menina e estudei piano. Pedro já toco a tua 3ª peça e é tão bonita!!! Está cheia de tensão, de energia, de movimento; depois fica envolta em mistério e transe, terminando de uma forma 'apaziguadora'. Tanto, só em apenas duas páginas de música! Vou ter de ser ´várias pessoas' em pouco tempo. Isso é-me estimulante, claro;
- Hoje não fiz o monóloguo previsto para 'acting' porque a linguagem era extraordinariamente difícil e incompreensível no sentido, mesmo para um inglês. Agora tenho outro, mais fácil, sobre uma rapariga que tem dúvidas se deve aceitar a proposta de casamento do seu noivo (casar ou não casar? Eis a questão). Enfim, vou 'viver' um enredo de telenovela mexicana;
- Estou chateada porque não fui ao ensaio da música improvisada. Sim, estou cansada, mas talvez 'ressuscitasse'... que seca!
- Amanhã tenho sessão sobre mais um tema novo para mim e não tive tempo para ler tudo. Nem o facto de ser sobre o 'Género e Sexualidade na Música' me fez ser 'responsável' nas leituras...
- Estou mal do estômago e só penso no chã de hipericão do Gerês. Como é possível ainda não ter descoberto uma lojinha de chãs decente por aqui? Como alternativa, vou tomar chã de 'água quente' (ainda se a água fosse boa...);
- A única coisa 'excitante' que me aconteceu é que fui a escolhida para apresentar um trabalho de grupo num seminario sobre 'effective reading'. Numa situação normal eu recusaria e morreria de pânico. Aqui eu pensei: olha, porque não?? Mais uma vez, custou-me dizer a primeira frase mas depois nem o inglês atrapalhava. Não fui a nona maravilha do mundo, mas também não fui nenhuma nódoa. Os colegas gostaram e isso basta-me. O melhor foi, sem dúvida, sentir uma confiança espontânea de pessoas que não conheço de lado nenhum em mim. É-me reconfortante. Mais uma vez, não tenho medo de me experimentar em novas situações. Aprendo tanto sobre mim...
Como vêm, não tenho nada para contar. Para a próxima talvez seja mais poética (ou polémica?). Beijinhos!
Teresa
Saturday, 20 October 2007
Crónica inglesa 5: Resposta à crónica anterior
Vejo que o meu discurso ás vezes perturba as pessoas. Não se esqueçam que foi o facto de não me sentir satisfeita com a minha Vida que me fez procurar outro rumo. Procurei, pedi ajuda, trabalhei, tive respostas boas e outras menos boas, persisti e por fim...acabei aqui. Eu mereço tudo o que tenho aqui. Eu trabalhei para isto. Claro que tive ajuda de pessoas que foram generosas comigo. Sem elas tudo seria bem mais difícil. Agradeço-lhes.
O meu entusiasmo vem essencialmente dos projectos/workshops que faço fora do Mestrado. Sinto-me apreciada e valorizada pelos professores e pelos colegas com quem tenho colaborado num 'Documentário'. Deram-me oportunidades e eu revelei-me tal e qual sou. Sem a arrogância de quem sabe muito (eu tenho dúvidas; eu não sei tudo), mas também sem medo de mostrar o que sei. Fui verdadeira comigo própria e gostaram de mim. Agora tenho uma 'identidade' e as pessoas sabem o meu nome. Por isso, digo-o mais uma vez, eu mereço-o tudo o que tenho aqui.
O que me espantou no ensaio dos New Noise, e que originou a minha reflexão, foi a recepção que tive. Não me conhecendo de lado nenhum o líder do grupo perguntou-me simplesmente isto: «Que instrumento tocas? Piano? Tens aí um piano, toca connosco». Em Portugal é mais usual perguntarem-me: «Quem és tu? Com quem estudaste? Qual a tua média de curso?» Há algo bem diferente nestas duas abordagens. Eu procuro a resposta. PORQUÊ? Acho que ainda não tenho a resposta para isto (falei no medo de errar, com uma possível razão) mas asseguro-vos que vou procurá-la.
Outra diferença é que neste grupo os mais experientes tocam conjuntamente com os mais inexperientes. Ninguém pergunta às pessoas se são 'undergraduate' ou 'postgraduate'. Perguntam se querem improvisar/fazer música e só depois pelo seu nome. Gosto deste clima informal, onde várias personalidades, experiências e culturas se misturam, onde todos fazem música por puro prazer, sem distinções de nenhuma espécie. Há uma abordagem inclusiva da música que sempre senti falta em Portugal, onde a música é algo elitista ou clubista. Sempre as distinções, sempre a procura dos mitos, das vedetas da nossa rua...
E sim, eu sei que estou fora da vida real. Eu não vejo TV, eu não tenho jornais portugueses aqui, raramente alguém me conta o que se passa por Portugal. O meu mundo é feito de livros, de criações, de experimentação, de análise, de ideias, de conversas interculturais, etc. É irreal, eu sei. Mas a razão de tudo isto é poder voltar um dia para o meu querido país e ser capaz de contribuir de uma forma mais consciente para uma mudança. Uma mudança na forma de se pensar, de se fazer e de se ensinar Música, que quero mais inclusiva e humana. É em Portugal que eu quero agir. Não estou aqui só para mim.
E estou a aprender empiricamente, ou seja, fazendo. Por enquanto estou livre de 'essays' por isso posso a explorar mais o lado performativo. Mas virá o tempo em que terei de passar a vida junto ao computador. Mas também aí estarei a produzir algo criativo. Cada momento tem o seu 'prazer' e a sua dificuldade. É assim que vivo. Sendo inteira em cada momento (Fernando Pessoa diz algo assim).
Eu decidi viver o presente. Eu estou a arriscar e não tenho garantias de nada quanto ao futuro. Só posso garantir uma coisa: que não serei a mesma pessoa que era antes de vir para aqui e se tiver de fazer as mesmas tarefas que sempre fiz, não as farei da mesma forma. Esta é a minha única certeza. Quanto ao resto... não estou preocupada. E sabem porquê? Simplesmente porque ainda não chegou o momento! Agora, não é esse momento. Agora é tempo de absorver o máximo; de aprender a todos os níveis. Por isso, Carpe Diem!
Teresa
Crónica inglesa 4: Pensamentos sobre nós, Portugueses
Afinal aquilo que pensava ser a excepção está a tornar-se a regra!! Em vez de vos descrever o que fiz vou apenas transcrever algo que pensei e escrevinhei no ensaio do grupo de improvisação 'New Noise' que assisti há poucas horas:
«Esta música poderia durar horas e horas... não me cansa. Só me apetece saltar desta cadeira e dançar ali mesmo, no meio. Porque me sinto tão capaz de fazer isto? Porque sou repentinamente tão extrovertida? Porque me sinto tão capaz de me exprimir livremente aqui?
A resposta é simples: aqui não tenho medo de errar! Em Portugal senti sempre um medo de errar; um medo de não ser boa o suficiente; um medo disto, um medo daquilo...isto é um peso terrível para quem é jovem e precisa de aprender. Só conseguimos crescer experimentando e, provavelmente, errando. Depois vem a vontade de superar o erro. E isto é que é aprender. Porque não experimentar algo novo? Só porque sim, 'just for fun'? Acho que nós, Portugueses, precisámos de ter a coragem de errar. Iríamos mais longe ainda...
Já que falei em Portugal aqui vai: acho que Portugal tem, sem qualquer dúvida, gente muito competente e consistente no seu 'métier'; há mesmo muito potencial humano. Mas falta algo, algo que impede as pessoas de ir mais longe. Penso que o nosso maior problema é a inveja 'do vizinho', é pensar no que está ao nosso lado como referência em vez de olhar mais longe e mais alto. Faz algum sentido isto? Para mim, faz.
O que sei é que aqui tenho muito ar para respirar; tenho muito espaço para me movimentar; tenho o tudo o necessário para me descobrir. Aqui brotam-me ideias e ideias para trabalhar; faço coisas incríveis que nunca tive a coragem de fazer e descubro que afinal sempre as tive dentro de mim. Tudo brota com uma facilidade e uma intensidade que me espanta! Aqui tudo me é fácil...que se passa? O que esteve mal até agora?
Em cada dia que passa os meus horizontes alargam-se mais e mais, e o meu entendimento do que é Música é MUITO mais do que aquilo que aprendi no passado. Quanto à parte performativa (meu Deus!) há algo que está a explodir em mim. Sinto-me finalment una, livre, naturalmente expressiva em tudo o que faço ou toco. Acho que estou a viver um sonho!
Voltando á música, o que ouço agora poderia ser um belo exemplo do pós-modernismo na música. Tudo aos pedaços; ouço um bocado de todos os estilos e ambientes sonoros possíveis. Ouço o TUDO, a síntese, a mistura. E não é caótico. Soa-me mesmo bem. Hoje já não há o mito da originalidade. Já tudo foi inventado. Resta-nos, como disse Baudrilllard, brincar com os pedaços. É o que faz o 'New Noise'»
Um bocadinho da minha inspiração para vocês!
Teresa
Friday, 5 October 2007
Crónica inglesa 3: Um dia bom!
Ontem tive um dia bom.
Dia bom porque eu e as minhas mãos vão ser o tema de um documentário. Vão filmar as minhas mãos primeiro num contexto doméstico, fazendo gestos comuns aos de toda a gente, e depois num contexto musical, estudando ou tocando piano. Gostei da ideia e, além disso, tal poderá ser o início de projectos de outra dimensão: Senti muita empatia com a realizadora. Como ela está cá a especializar-se em documentários, vai passar a perseguir-me na vida.
Dia bom, porque já tenho ideias para a minha primeira 'performance/lecture'. Vou desenvolver as minhas ideas do costume: o gesto musical, a teatralidade e a sua função comunicativa com o público. É mesmo bom já ter interesses prévios. Eu não ando aqui à procura de um objectivo de trabalho. Eu já o tenho. Agora resta-me comunicá-lo e testá-lo junto dos Outros.
Na consequência disto, tive dia bom porque recebi uma mensagem de uma universidade do País de Gales (Aberystwyth University) ) a querer saber mais sobre o meu projecto de trabalho. Eles têm lá um Master em 'Audience and Reception Studies' que me pareceu muito na minha onda, por isso contactei-os. Foram receptivos às minhas ideas, por isso devo visitá-los em Dezembro próximo. Tenho de me preparar bem antes de ir, em especial na área das metodologias sociológicas que vou usar, algo que eles estão especialmente interessados em conhecer.
Dia bom porque fui experimentar um grupo vocal para 'vozes treinadas' e adaptei-me bem ao repertório (género 'musical'). Os colegas são essencialmente actores, ou seja, fazem tudo para chamar a atenção (que me perdoem todos os outros actores, os que não têm tiques de estrela). Claro que não foram muito simpáticos para mim, mas eu estou-me nas tintas. Fiz o que tinha a fazer: abri a boca, cantei e consegui chamar a atenção de quem realmente interessa, ou seja, da Professora. No final ela veio ter comigo pedindo para ficar no grupo e disse-me que tinha uma voz boa para fazer solos. Senti-me reconhecida e isso pôs-me mesmo bem.
Dia bom porque tive uma aula de 'acting' e correu bem (aqui posso ter aulas de tudo: acting, music, painting, singing, jazz, potering, etc. E todas de borla!). Foi um dia calmo, só com exercícios respiratórios e de voz, mas vi que posso aprender muito neste clima informal. A professora é fantástica. E talvez retome as minhas aulas de canto, se ela tiver um espacinho de tempo...
Boa semana para todos!
Teresa
Friday, 28 September 2007
Crónica inglesa 2: Newsletter from Uxbridge
Estou rodeada de asiáticos, indianos, africanos, islâmicos (já vi burkas e ouvi o Corão) e, claro, ingleses. Mas isto mais parece um campus americano, dada a diversidade étnica. Só não vejo genes latinos e nórdicos com fartura. Mas ontem descobri tugas por cá. Ainda não falei com eles, mas fiquei mesmo contente de saber que, embora sendo uma espécie rara por estas bandas, não sou a única.
Estar numa residência é fantástico! É ter qualidade de Vida. Vejam só: estou sempre dentro da Universidade (mesmo assim cheguei atrasada à aula...), conheço muita gente e posso comer sempre em casa. Ao contrário do que esperava, não foi nada complicado adaptar-me a viver com 10 pessoas (uma inglesa, uma nigeriana, uma búlgara e o resto de Taiwan). Nada como viver rodeada de chinesinhas para se respirar sossego e calma. Elas são tão arrumadinhas, cheias de sorrisos, meiginhas e fazem comida boa. Se fossem latinas, isto seria um pandemónio. Claro que ando a fazer muita publicidade ao Porto. Todos estão interessadíssimos em aparecer por aí, por isso tenho de fazer brevemente um inventário dos 'hot spots' da invicta.
Entretanto andei a investigar a biblioteca. É incrível!! É o Paraíso e o Inferno simultaneamente. Apetece-me ler tanta coisa e o tempo esgota-se. Estou fascinada com a diversidade, a quantidade e a qualidade dos livros, sempre actualizados. Levo para casa, todos os dias, pelo menos 2 livros (tenho 16 neste momento). Estou atolada em livros e artigos. É difícil não ficar num estado de ansiedade perante este cenário. E como gosto de escrevinhar nos próprios livros, tenho de escolher os melhores para comprar para mim. Vai ser o meu investimento do ano.
Entretanto, fiz um primeiro passeiozito pelas redondezas e fui a Londres. Não abri a boca de espanto mas foi interessante. Fui ao Tate Modern (teve o seu impacto), passeei pelo Tamisa abaixo (ou acima?), vi o Parlamento e a Abadia de Westminster, e acabei numas livrarias perto de Piccadilly. 'Londres-Saturday Night' foi uma conjugação um bocado agitada e cansativa para mim. Fiquei exausta. Agora apetece-me conhecer outros espaços, mais calmos. Talvez conhecer a costa e o 'countryside'.
Que mais? Sim, tenho acordado cedinho e comido tudo direitinho. (In)Felizmente as cortinas do meu quarto são incapazes de filtrar a luz da rua totalmente por isso durmo sempre com luz: à noite, a do candeeiro da rua; de manhã, a do sol. Quem diria que eu seria capaz de acordar tão cedinho? Depois, a presença constante de nuvens no céu é uma benção para os meus olhos. Não tenho tido nenhum problema de 'fobia' à luz. Adoro este tempo, permanentemente cinzento e ameaçador de chuva. É bom para estudar. Apetece estar no conforto do lar.
E estas são as minhas mais recentes novidades.
Teresa
PS. Sofia, o Tom Waits também é a minha banda sonora. É tão bom!
Tuesday, 25 September 2007
Crónica inglesa 1: Make music, not war
E descobri um alameda bonita, sem ninguém, onde posso experimentar a minha voz... foi tão bom cantar e ouvir-me novamente. Que saudades tenho de cantar! Amanhã vou inscrever-me nalgum grupo onde possa cantar.
A música faz-me feliz, raios! Porque demorei tanto tempo a assumi-la na minha vida? Eu preciso dela para me exprimir com toda a plenitude.
Quando faço música, sou feliz! Hoje apetece-me gritaaaaaaaar!!!
Teresa