O mais marcante da semana foi a minha estreia como 'vocal improviser' nos New Noise. Foi, no mínimo, uma estreia muito interessante. Deixei a minha marca de forma muito forte no seio do grupo (como dizia César: vim, vi e venci). Foi algo inevitável e natural. Não consegui ser apenas cantora, no sentido melódico do termo. Tive de imitar vocalmente tudo o que imaginei, tudo aquilo que os sons me sugeriam a nível de imagem ou de apenas emoção. Eis algumas das personagens que fui:
- fui uma criança, que só queria brincar e correr com o seu amiginho;
- fui um homem bêbado, perdido, cuja dor da Vida é anestesiada pelo álcool (inspiração de Tom Waits, claro);
- fui uma brasileira 'gostosona' a passear no calçadão de Copacabana;
- fui uma africana, mulher lutadora, com vida difícil...mas sempre feliz e com um sorriso aberto e sincero na cara;
- fui uma cantora de Jazz, sempre com uma voz quente, sexy e 'spicy', apesar das amarguras da Vida;
- fui uma guitarra baixo a tocar algo funky, sempre imbuída de ritmos dançáveis e urbanos;
- fui uma ninfa/druida/fada (?), cujo canto angélico paira sobre as pedras de Stonehenge (que ainda não visitei, ups!) num apelo místico a outro mundo;
- fui apenas um sopro, um suspiro de ânsia e de paixão desejada, mas não consumada (inspiração da 'Mazurka Fogo', da sempre surpreendente Pina Bausch);
- e fui o vento... fui a própria Natureza.
Enfim, foi incrível os sítios por onde a minha imaginação voou naquele momento. Fui uma surpresa para os meus colegas, mas fui-o sobretudo para mim. Eu aprendo tanto sobre mim e sobre Música 'fazendo-a'... Fui feliz nestes momentos. Esqueço tudo e todos; só conta a energia, a imaginação...
Ando excitada com a música improvisada, com o trabalho do John Zorn, com o 'nosso' Carlos Zíngaro (talvez faça um trabalho sobre ele..), porque estou a sentir na pele a energia e a liberdade que a improvisação dá. Parece que toca as nossas energias vitais. E depois, ela é tão inclusiva, abarca tudo e todos. É o espírito que procurava à tanto tempo... encontro-o agora, yes!!
Também ando a saber mais sobre a interacção da música com o movimento lendo entrevistas à 'performer artist' Meredith Monk, vendo coreografias da Pina Bausch, da Anne Teresa Keersmaker, da Trisha Brown, e outros. Estou em fase de recolha de estímulos. Depois tudo isto irá transparecer nos meus trabalhos, em especial nos ligados à parte improvisada e performativa. Já tenho algumas ideias...
Fico por aqui. Espero encontrar-vos bem e talvez nos reencontremos em breve!!
Teresa
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