Tuesday 27 November 2007

Crónica inglesa 8: International Symposium on Performance Science (ISPS 2007)


Passei uns dias loucos em Portugal, que me puseram cheia de borbulhas, aftas e rouca. Tudo devido ao stress. Sou mesmo um caso psicossomático interessante. Mas agora já estou bem. Simplesmente porque consegui DORMIR!! Dormir 12 horas foi o meu remédio. Viva o sono e as sestas!!

Quanto à conferência, confesso que foi demasiado técnica/científica para mim (acho que os músicos têm aversão a estas coisas..). Foi muito a 'british school', ou seja, a música é tratada de forma essencialmente quantitativa e psico/neurológica. Além disso, todos estudam a música num sentido quanto a mim muito restritivo e canónico. Ouvir estas perspectivas não me faz mal nenhum, claro, mas sei que não é por aí que quero fazer o meu caminho, seja ele qual for. Eu procuro uma nova forma de pensar e fazer música.... vi-me num prisma muito inovador face ao 'mainstream' e isso é ÓPTIMO, como é óbvio!!

Mas há outras coisas boas, nomeadamente as pessoas que conheci. Um Professor da UCLA, muito bem humorado; uns canadianos (um deles era também um dissidente da Bioquímica, tal como eu!); e uma espanhola, de quem fiquei especialmente amiga. Que pessoa maravilhosa!! Somos da mesma idade, vivemos fases parecidas na Vida e, curiosamente, temos 'temas' de investigação parecidos. Espero tê-la como minha amiga no futuro, tal como aconteceu com a Gerda, a minha amiga alemã.

Para terminar, eis-me toda sorridente junto ao poster mais bonito da conferência (o profissionalismo da Patrícia fez TODA a diferença. OBRIGAAAAAAAAADA!!!). Não sei como, mas estou sempre a sorrir nas fotos. Não consigo ver o cansaço atroz que sentia nesses momentos. Acho que isto de ser ás vezes meio 'actriz' ajuda-me...
Fiquem bem!

Teresa

Thursday 22 November 2007

Paper for the ISPS

The link for my (first!) paper presented at "International Symposium on Performance Sciences", Casa da Música (Porto): http://www.performancescience.org/cache/fl0003578.pdf

If you want to look around and see what was happening there, please search on http://www.performancescience.org/ISPS/ISPS2007/Proceedings#22%20November%202007

Saturday 3 November 2007

Crónica inglesa 7: A minha estreia no grupo «New Noise»

Esta semana vivi uma série de experiências novas (monóloguo teatral e música improvisada, em especial) e tudo parece 'dejá vu'; parece que sempre fiz isto na minha Vida. Acho que tal naturalidade vem do facto de ter acumulado experiências ao longo da vida que absorvi dentro de mim. Agora todo esse passado transparece nas minhas acções. É como se estivesse à espera de algo que as despertasse de dentro de mim, algo que me despertasse... todos os dias têm sido dias de descoberta de mim. Acho que é um princípio que quero manter pela Vida fora.

O mais marcante da semana foi a minha estreia como 'vocal improviser' nos New Noise. Foi, no mínimo, uma estreia muito interessante. Deixei a minha marca de forma muito forte no seio do grupo (como dizia César: vim, vi e venci). Foi algo inevitável e natural. Não consegui ser apenas cantora, no sentido melódico do termo. Tive de imitar vocalmente tudo o que imaginei, tudo aquilo que os sons me sugeriam a nível de imagem ou de apenas emoção. Eis algumas das personagens que fui:
  • fui uma criança, que só queria brincar e correr com o seu amiginho;
  • fui um homem bêbado, perdido, cuja dor da Vida é anestesiada pelo álcool (inspiração de Tom Waits, claro);
  • fui uma brasileira 'gostosona' a passear no calçadão de Copacabana;
  • fui uma africana, mulher lutadora, com vida difícil...mas sempre feliz e com um sorriso aberto e sincero na cara;
  • fui uma cantora de Jazz, sempre com uma voz quente, sexy e 'spicy', apesar das amarguras da Vida;
  • fui uma guitarra baixo a tocar algo funky, sempre imbuída de ritmos dançáveis e urbanos;
  • fui uma ninfa/druida/fada (?), cujo canto angélico paira sobre as pedras de Stonehenge (que ainda não visitei, ups!) num apelo místico a outro mundo;
  • fui apenas um sopro, um suspiro de ânsia e de paixão desejada, mas não consumada (inspiração da 'Mazurka Fogo', da sempre surpreendente Pina Bausch);
  • e fui o vento... fui a própria Natureza.


Enfim, foi incrível os sítios por onde a minha imaginação voou naquele momento. Fui uma surpresa para os meus colegas, mas fui-o sobretudo para mim. Eu aprendo tanto sobre mim e sobre Música 'fazendo-a'... Fui feliz nestes momentos. Esqueço tudo e todos; só conta a energia, a imaginação...

Ando excitada com a música improvisada, com o trabalho do John Zorn, com o 'nosso' Carlos Zíngaro (talvez faça um trabalho sobre ele..), porque estou a sentir na pele a energia e a liberdade que a improvisação dá. Parece que toca as nossas energias vitais. E depois, ela é tão inclusiva, abarca tudo e todos. É o espírito que procurava à tanto tempo... encontro-o agora, yes!!

Também ando a saber mais sobre a interacção da música com o movimento lendo entrevistas à 'performer artist' Meredith Monk, vendo coreografias da Pina Bausch, da Anne Teresa Keersmaker, da Trisha Brown, e outros. Estou em fase de recolha de estímulos. Depois tudo isto irá transparecer nos meus trabalhos, em especial nos ligados à parte improvisada e performativa. Já tenho algumas ideias...

E.....ando excitada com o meu regresso a Portugal. É tanta a minha ânsia!! Estou inquieta e ando farta da comida aqui. Quero comida portugueeeeeeeeesa!!!!!!! Acho que vou explodir quando chegar a Portugal (regresso dia 16).

Fico por aqui. Espero encontrar-vos bem e talvez nos reencontremos em breve!!

Teresa

Saturday 27 October 2007

Crónica inglesa 6: Nada para vos contar...

Uma boa consequência dos meus últimos mails foi o facto de receber mensagens e mensagens, até dos mais 'adormecidos'. Algumas com observações críticas; outras profundamente agradecidas, por sentirem empatia e conforto com as minhas palavras; e a mais extraordinária foi saber que pus alguém a chorar. Mas que privilégio, meu Deus!! As palavras têm mesmo poder...

Reparei à dias que o meu diario está 'vazio' de escritas. Não tenho escrito nada. Apercebi-me então que vocês são o meu 'diário'. Pela primeira vez, partilho o meu 'livro' com alguém, que são vocês! (Confesso que me arrepia um bocado esta ideia...)

Não tenho nada de excitante para vos contar. A semana foi uma trapalhada:

  • Ontem fui acordada com o alarme de incêndio Não sei como não andei mal-disposta todo o dia. Claro que fui a última a sair do edifício. Não me apetecia ir de pijama para a rua e 'desconfiava' que era um ensaio. O costume, em hora de pânico eu sou clamíiiiiiissima!! Mais tarde recebo um aviso horrível, quase a tratar-me como criminosa, por não ter saído do quarto em menos de 1 minuto. Enfim...
  • Não tive performances esta semana, ou seja, não tive 'pedradas', que chatice!! Mas fui boa menina e estudei piano. Pedro já toco a tua 3ª peça e é tão bonita!!! Está cheia de tensão, de energia, de movimento; depois fica envolta em mistério e transe, terminando de uma forma 'apaziguadora'. Tanto, só em apenas duas páginas de música! Vou ter de ser ´várias pessoas' em pouco tempo. Isso é-me estimulante, claro;
  • Hoje não fiz o monóloguo previsto para 'acting' porque a linguagem era extraordinariamente difícil e incompreensível no sentido, mesmo para um inglês. Agora tenho outro, mais fácil, sobre uma rapariga que tem dúvidas se deve aceitar a proposta de casamento do seu noivo (casar ou não casar? Eis a questão). Enfim, vou 'viver' um enredo de telenovela mexicana;
  • Estou chateada porque não fui ao ensaio da música improvisada. Sim, estou cansada, mas talvez 'ressuscitasse'... que seca!
  • Amanhã tenho sessão sobre mais um tema novo para mim e não tive tempo para ler tudo. Nem o facto de ser sobre o 'Género e Sexualidade na Música' me fez ser 'responsável' nas leituras...
  • Estou mal do estômago e só penso no chã de hipericão do Gerês. Como é possível ainda não ter descoberto uma lojinha de chãs decente por aqui? Como alternativa, vou tomar chã de 'água quente' (ainda se a água fosse boa...);
  • A única coisa 'excitante' que me aconteceu é que fui a escolhida para apresentar um trabalho de grupo num seminario sobre 'effective reading'. Numa situação normal eu recusaria e morreria de pânico. Aqui eu pensei: olha, porque não?? Mais uma vez, custou-me dizer a primeira frase mas depois nem o inglês atrapalhava. Não fui a nona maravilha do mundo, mas também não fui nenhuma nódoa. Os colegas gostaram e isso basta-me. O melhor foi, sem dúvida, sentir uma confiança espontânea de pessoas que não conheço de lado nenhum em mim. É-me reconfortante. Mais uma vez, não tenho medo de me experimentar em novas situações. Aprendo tanto sobre mim...


Como vêm, não tenho nada para contar. Para a próxima talvez seja mais poética (ou polémica?). Beijinhos!

Teresa

Saturday 20 October 2007

Crónica inglesa 5: Resposta à crónica anterior



Vejo que o meu discurso ás vezes perturba as pessoas. Não se esqueçam que foi o facto de não me sentir satisfeita com a minha Vida que me fez procurar outro rumo. Procurei, pedi ajuda, trabalhei, tive respostas boas e outras menos boas, persisti e por fim...acabei aqui. Eu mereço tudo o que tenho aqui. Eu trabalhei para isto. Claro que tive ajuda de pessoas que foram generosas comigo. Sem elas tudo seria bem mais difícil. Agradeço-lhes.

O meu entusiasmo vem essencialmente dos projectos/workshops que faço fora do Mestrado. Sinto-me apreciada e valorizada pelos professores e pelos colegas com quem tenho colaborado num 'Documentário'. Deram-me oportunidades e eu revelei-me tal e qual sou. Sem a arrogância de quem sabe muito (eu tenho dúvidas; eu não sei tudo), mas também sem medo de mostrar o que sei. Fui verdadeira comigo própria e gostaram de mim. Agora tenho uma 'identidade' e as pessoas sabem o meu nome. Por isso, digo-o mais uma vez, eu mereço-o tudo o que tenho aqui.

O que me espantou no ensaio dos New Noise, e que originou a minha reflexão, foi a recepção que tive. Não me conhecendo de lado nenhum o líder do grupo perguntou-me simplesmente isto: «Que instrumento tocas? Piano? Tens aí um piano, toca connosco». Em Portugal é mais usual perguntarem-me: «Quem és tu? Com quem estudaste? Qual a tua média de curso?» Há algo bem diferente nestas duas abordagens. Eu procuro a resposta. PORQUÊ? Acho que ainda não tenho a resposta para isto (falei no medo de errar, com uma possível razão) mas asseguro-vos que vou procurá-la.

Outra diferença é que neste grupo os mais experientes tocam conjuntamente com os mais inexperientes. Ninguém pergunta às pessoas se são 'undergraduate' ou 'postgraduate'. Perguntam se querem improvisar/fazer música e só depois pelo seu nome. Gosto deste clima informal, onde várias personalidades, experiências e culturas se misturam, onde todos fazem música por puro prazer, sem distinções de nenhuma espécie. Há uma abordagem inclusiva da música que sempre senti falta em Portugal, onde a música é algo elitista ou clubista. Sempre as distinções, sempre a procura dos mitos, das vedetas da nossa rua...


E sim, eu sei que estou fora da vida real. Eu não vejo TV, eu não tenho jornais portugueses aqui, raramente alguém me conta o que se passa por Portugal. O meu mundo é feito de livros, de criações, de experimentação, de análise, de ideias, de conversas interculturais, etc. É irreal, eu sei. Mas a razão de tudo isto é poder voltar um dia para o meu querido país e ser capaz de contribuir de uma forma mais consciente para uma mudança. Uma mudança na forma de se pensar, de se fazer e de se ensinar Música, que quero mais inclusiva e humana. É em Portugal que eu quero agir. Não estou aqui só para mim.

E estou a aprender empiricamente, ou seja, fazendo. Por enquanto estou livre de 'essays' por isso posso a explorar mais o lado performativo. Mas virá o tempo em que terei de passar a vida junto ao computador. Mas também aí estarei a produzir algo criativo. Cada momento tem o seu 'prazer' e a sua dificuldade. É assim que vivo. Sendo inteira em cada momento (Fernando Pessoa diz algo assim).

Eu decidi viver o presente. Eu estou a arriscar e não tenho garantias de nada quanto ao futuro. Só posso garantir uma coisa: que não serei a mesma pessoa que era antes de vir para aqui e se tiver de fazer as mesmas tarefas que sempre fiz, não as farei da mesma forma. Esta é a minha única certeza. Quanto ao resto... não estou preocupada. E sabem porquê? Simplesmente porque ainda não chegou o momento! Agora, não é esse momento. Agora é tempo de absorver o máximo; de aprender a todos os níveis. Por isso, Carpe Diem!

Teresa

Crónica inglesa 4: Pensamentos sobre nós, Portugueses



Afinal aquilo que pensava ser a excepção está a tornar-se a regra!! Em vez de vos descrever o que fiz vou apenas transcrever algo que pensei e escrevinhei no ensaio do grupo de improvisação 'New Noise' que assisti há poucas horas:

«Esta música poderia durar horas e horas... não me cansa. Só me apetece saltar desta cadeira e dançar ali mesmo, no meio. Porque me sinto tão capaz de fazer isto? Porque sou repentinamente tão extrovertida? Porque me sinto tão capaz de me exprimir livremente aqui?

A resposta é simples: aqui não tenho medo de errar! Em Portugal senti sempre um medo de errar; um medo de não ser boa o suficiente; um medo disto, um medo daquilo...isto é um peso terrível para quem é jovem e precisa de aprender. Só conseguimos crescer experimentando e, provavelmente, errando. Depois vem a vontade de superar o erro. E isto é que é aprender. Porque não experimentar algo novo? Só porque sim, 'just for fun'? Acho que nós, Portugueses, precisámos de ter a coragem de errar. Iríamos mais longe ainda...

Já que falei em Portugal aqui vai: acho que Portugal tem, sem qualquer dúvida, gente muito competente e consistente no seu 'métier'; há mesmo muito potencial humano. Mas falta algo, algo que impede as pessoas de ir mais longe. Penso que o nosso maior problema é a inveja 'do vizinho', é pensar no que está ao nosso lado como referência em vez de olhar mais longe e mais alto. Faz algum sentido isto? Para mim, faz.


O que sei é que aqui tenho muito ar para respirar; tenho muito espaço para me movimentar; tenho o tudo o necessário para me descobrir. Aqui brotam-me ideias e ideias para trabalhar; faço coisas incríveis que nunca tive a coragem de fazer e descubro que afinal sempre as tive dentro de mim. Tudo brota com uma facilidade e uma intensidade que me espanta! Aqui tudo me é fácil...que se passa? O que esteve mal até agora?

Em cada dia que passa os meus horizontes alargam-se mais e mais, e o meu entendimento do que é Música é MUITO mais do que aquilo que aprendi no passado. Quanto à parte performativa (meu Deus!) há algo que está a explodir em mim. Sinto-me finalment una, livre, naturalmente expressiva em tudo o que faço ou toco. Acho que estou a viver um sonho!

Voltando á música, o que ouço agora poderia ser um belo exemplo do pós-modernismo na música. Tudo aos pedaços; ouço um bocado de todos os estilos e ambientes sonoros possíveis. Ouço o TUDO, a síntese, a mistura. E não é caótico. Soa-me mesmo bem. Hoje já não há o mito da originalidade. Já tudo foi inventado. Resta-nos, como disse Baudrilllard, brincar com os pedaços. É o que faz o 'New Noise'»

Um bocadinho da minha inspiração para vocês!

Teresa

Friday 5 October 2007

Crónica inglesa 3: Um dia bom!


Ontem tive um dia bom.

Dia bom porque eu e as minhas mãos vão ser o tema de um documentário. Vão filmar as minhas mãos primeiro num contexto doméstico, fazendo gestos comuns aos de toda a gente, e depois num contexto musical, estudando ou tocando piano. Gostei da ideia e, além disso, tal poderá ser o início de projectos de outra dimensão: Senti muita empatia com a realizadora. Como ela está cá a especializar-se em documentários, vai passar a perseguir-me na vida.

Dia bom, porque já tenho ideias para a minha primeira 'performance/lecture'. Vou desenvolver as minhas ideas do costume: o gesto musical, a teatralidade e a sua função comunicativa com o público. É mesmo bom já ter interesses prévios. Eu não ando aqui à procura de um objectivo de trabalho. Eu já o tenho. Agora resta-me comunicá-lo e testá-lo junto dos Outros.

Na consequência disto, tive dia bom porque recebi uma mensagem de uma universidade do País de Gales (Aberystwyth University) ) a querer saber mais sobre o meu projecto de trabalho. Eles têm lá um Master em 'Audience and Reception Studies' que me pareceu muito na minha onda, por isso contactei-os. Foram receptivos às minhas ideas, por isso devo visitá-los em Dezembro próximo. Tenho de me preparar bem antes de ir, em especial na área das metodologias sociológicas que vou usar, algo que eles estão especialmente interessados em conhecer.


Dia bom porque fui experimentar um grupo vocal para 'vozes treinadas' e adaptei-me bem ao repertório (género 'musical'). Os colegas são essencialmente actores, ou seja, fazem tudo para chamar a atenção (que me perdoem todos os outros actores, os que não têm tiques de estrela). Claro que não foram muito simpáticos para mim, mas eu estou-me nas tintas. Fiz o que tinha a fazer: abri a boca, cantei e consegui chamar a atenção de quem realmente interessa, ou seja, da Professora. No final ela veio ter comigo pedindo para ficar no grupo e disse-me que tinha uma voz boa para fazer solos. Senti-me reconhecida e isso pôs-me mesmo bem.

Dia bom porque tive uma aula de 'acting' e correu bem (aqui posso ter aulas de tudo: acting, music, painting, singing, jazz, potering, etc. E todas de borla!). Foi um dia calmo, só com exercícios respiratórios e de voz, mas vi que posso aprender muito neste clima informal. A professora é fantástica. E talvez retome as minhas aulas de canto, se ela tiver um espacinho de tempo...



Boa semana para todos!

Teresa

Friday 28 September 2007

Crónica inglesa 2: Newsletter from Uxbridge

Para quem ainda não sabe, estou a dar-me lindamente por terras de Sua Majestade. Parece que vivo nesta terra há anos. Comecei as aulas hoje, de mansinho, e foi bom ver que me desenrasquei bem com o inglês. Todos acham o meu 'sotaque' formidável e entendem-me perfeitamente. Já sou uma 'english native', ah, ah!!

Estou rodeada de asiáticos, indianos, africanos, islâmicos (já vi burkas e ouvi o Corão) e, claro, ingleses. Mas isto mais parece um campus americano, dada a diversidade étnica. Só não vejo genes latinos e nórdicos com fartura. Mas ontem descobri tugas por cá. Ainda não falei com eles, mas fiquei mesmo contente de saber que, embora sendo uma espécie rara por estas bandas, não sou a única.

Estar numa residência é fantástico! É ter qualidade de Vida. Vejam só: estou sempre dentro da Universidade (mesmo assim cheguei atrasada à aula...), conheço muita gente e posso comer sempre em casa. Ao contrário do que esperava, não foi nada complicado adaptar-me a viver com 10 pessoas (uma inglesa, uma nigeriana, uma búlgara e o resto de Taiwan). Nada como viver rodeada de chinesinhas para se respirar sossego e calma. Elas são tão arrumadinhas, cheias de sorrisos, meiginhas e fazem comida boa. Se fossem latinas, isto seria um pandemónio. Claro que ando a fazer muita publicidade ao Porto. Todos estão interessadíssimos em aparecer por aí, por isso tenho de fazer brevemente um inventário dos 'hot spots' da invicta.

Entretanto andei a investigar a biblioteca. É incrível!! É o Paraíso e o Inferno simultaneamente. Apetece-me ler tanta coisa e o tempo esgota-se. Estou fascinada com a diversidade, a quantidade e a qualidade dos livros, sempre actualizados. Levo para casa, todos os dias, pelo menos 2 livros (tenho 16 neste momento). Estou atolada em livros e artigos. É difícil não ficar num estado de ansiedade perante este cenário. E como gosto de escrevinhar nos próprios livros, tenho de escolher os melhores para comprar para mim. Vai ser o meu investimento do ano.

Entretanto, fiz um primeiro passeiozito pelas redondezas e fui a Londres. Não abri a boca de espanto mas foi interessante. Fui ao Tate Modern (teve o seu impacto), passeei pelo Tamisa abaixo (ou acima?), vi o Parlamento e a Abadia de Westminster, e acabei numas livrarias perto de Piccadilly. 'Londres-Saturday Night' foi uma conjugação um bocado agitada e cansativa para mim. Fiquei exausta. Agora apetece-me conhecer outros espaços, mais calmos. Talvez conhecer a costa e o 'countryside'.

Que mais? Sim, tenho acordado cedinho e comido tudo direitinho. (In)Felizmente as cortinas do meu quarto são incapazes de filtrar a luz da rua totalmente por isso durmo sempre com luz: à noite, a do candeeiro da rua; de manhã, a do sol. Quem diria que eu seria capaz de acordar tão cedinho? Depois, a presença constante de nuvens no céu é uma benção para os meus olhos. Não tenho tido nenhum problema de 'fobia' à luz. Adoro este tempo, permanentemente cinzento e ameaçador de chuva. É bom para estudar. Apetece estar no conforto do lar.

E estas são as minhas mais recentes novidades.

Teresa

PS. Sofia, o Tom Waits também é a minha banda sonora. É tão bom!

Tuesday 25 September 2007

Crónica inglesa 1: Make music, not war

Estive agora a tocar piano, após um jejum de quase 4 meses. Mas é tão bom fazer música!! Meu Deus, mas que sorte tenho!!

E descobri um alameda bonita, sem ninguém, onde posso experimentar a minha voz... foi tão bom cantar e ouvir-me novamente. Que saudades tenho de cantar! Amanhã vou inscrever-me nalgum grupo onde possa cantar.

A música faz-me feliz, raios! Porque demorei tanto tempo a assumi-la na minha vida? Eu preciso dela para me exprimir com toda a plenitude.

Quando faço música, sou feliz! Hoje apetece-me gritaaaaaaaar!!!

Teresa