Saturday 9 February 2008

Crónica inglesa 10: Dias de Catarse

Sol.

Têm amanhecido uns dias solarengos por estas terras. É estranho ver este sol forte pela janela; não o associo a Londres mas ao Sul de Portugal. Lembra-me Lisboa, capital tão branca e luminosa. A nossa capital tem algo de único. É atlântica. É oceânica. Tem um horizonte infinito que logo mesuscita saudades. Que bons momentos passei por Lisboa.

Nas últimas semanas passei uns tempos turbulentos. Por isso preferi não escrever. Estive muito, muito sensível, até mesmo deprimida. Vivi uma tensão constante e nem sempre tive forças para eliminar os pensamentos mais obscurosda minha mente. Mas tudo isso já passou. Estes dias têm sido ‘catárticos’.

Fiz a minha «performance com música» e correu MUITO bem!! Quão natural foi para mim tocar e improvisar daquela maneira. Sofri semanas à espera deste momento, mas quando ele chegou, só me restou fazer uma coisa: brincar,divertir-me! Fiz a minha catarse em palco e sempre com muita, muita calma. É sempre bom sentir os olhares das pessoas atentas aos meus gestos/movimentosmais ínfimos; até mesmo á minha respiração. O público é a minha maior inspiração. A minha tutora ficou rendida Finalmente ela compreendeu a minha linguagem; a minha forma de fazer música. Sinto-me compreendida e acarinhada. Cheia de vontade de voar, voar, voar...

Graças também a ela também resolvi o meu único problema 'relacional' aqui naBrunel e que se prendia com um Professor meu. Cansei-me do seu espírito crítico e queixei-me à minha tutora; graças a ela fui recebida com sorrisos e com um olhar directo por ele. Apesar do meu espanto, que quase me petrificou, consegui reagir e pedir-lhe uma conversa.Falei. Falamos. Unicamente de aspectos profissionais, mas foi o suficientepara resolvermos os nossos mal-entendidos; agora estou muito mais aliviada e confiante. As reconciliações são poderosas. Elas mudam repentinamente a percepção que temos das pessoas: de pessoa horrível ele passou a ser pessoa sensível. Apenas se assustou comigo e interpretou o facto de eu nem sempre concordar consigo como algo ofensivo à sua pessoa, como arrogância e falta derespeito pelo seu trabalho. E não é nada disso. Eu só procuro a minha linguagem por caminhos diferentes. Bem, agora só quero estar bem com ele e sentir a sua confiança em mim. Portanto, vivam as reconciliações! Elas têm de acontecer mais vezes na Vida. Acho que é uma sorte quando podemos resolver assim os nossos equívocos com os outros. Esta foi a minha segunda catarse da semana.

E para terminar, uma terceira catarse, agora a nível pessoal. Aproveitei a onda e decidi cortar de vez com o meu Passado mais recente. Quero partir para o Presente sem amarras. Sinto-me outra vez livre para viver. Em suma, precisei de chorar um bocado para me renovar. Para renascer o so ldentro de mim, tal como acontece lá fora.

Sol.

Teresa

PS. Música do Philip Glass.

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