Thursday 12 March 2009

Música ou Performance? Eis a questão

Que entendo eu de blogs? Nada ou muito pouco. Espaço para fixar pensamentos, partilhar emoções e experiências com um Outro, mas qual o interesse destas histórias senão para mim? Vou esquecer isto e escrever. Apenas escrever. Talvez assim descubra o sentido deste blog.

Após uma semana em Glasgow, onde o Eu teve o privilégio supremo, é-me difícil pensar numa proposta de investigação que não passe por mim. Não é narcisismo; é não me rever nos dogmas de uma musicologia que venera o objecto (a partitura) em vez do evento; que vê o músico como "tradutor" de partituras e não como um ser criativo (estatuto esse reservado ao compositor); e que vive nostalgicamente "à procura do tempo perdido", situado algures entre os séculos XVIII e XX.

Eu preciso de futuro; preciso de um mundo académico mais aberto à contemporaneidade, à miscigenação de géneros artísticos, às tecnologias e às novas metodologias; aberto ao não convencional, ao subjectivo e ao contingente. Porque o mundo real é assim mesmo. Tratar a música como se fosse algo controlável e gerador de leis universais, é negar a sua essência. O seu elemento vital. Tal como as outras artes, ela vive da energia e expressividade de um momento, do imprevisto, da efemeridade e do arrepio. Isto não se mede, sente-se.

Por não me rever na orientação clássica da investigação musicológica quero mudar de departamento. Aos poucos vou-me aproximando da "performance" - conceito novo para mim, mas que me soa a esperança. Baseia-se em teorias filosóficas e estéticas completamente distintas, que me parecem em melhor consonância com o mundo pós-moderno que vivemos. Tenho uma enorme curiosidade em saber mais sobre esta manifestação expressiva que começou há exactamente 100 anos (segundo RoseLee Goldberg* a Performance começa com a publicação do primeiro manifesto futurista de F. T. Marinetti no jornal francês Le Figaro em 20/02/1909). Quero estudar performance para investigar música. Veremos o que farei com disto.

TVV
* Goldberg, R. (2001). Performance Art: From Futurism to the Present. London: Thames and Hudson.

2 comments:

  1. http://paulofontes75.blogspot.com

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  2. Obrigada pelo comentário, vou estar atento ao teu blog, a perfomance é algo que tem vindo a crescer...
    Na Saatchi Gallery online, podes colocar os teus vídeos perfomances, há uma página dedicada...

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