Wednesday 9 February 2011

Homens-Serpente, segundo Rosario Villalobos

"Há um certo tipo de homens que se distingue dos outos.

É aquilo a que chamo de homens-serpente. Avistam as supostas vítimas,começando muito lentamente a rastejar em direcção a elas... São suaves, delicados, educados, muitas vezes mostram-se verdadeiros gentlemen.

Bem-humorados e com um espírito jovial e solto, vão gastando bocadinhos de tempo, aqui e ali, rodeando a vítima muito suavemente!...

Tão suavemente, que se aquela não tiver vivido o suficiente, deixar-se-á envolver no seu visco, sem qualquer suspeita ou hesitação.

Um dia oferecem uma flor - simples, pois claro, eles conhecem bem o coração das mulheres...

No outro, uma canção - romântica, que não querem que elas se dispersem e voem...

Um coração aqui, um beijo acolá.

E os anéis vão apertando a presa, sem que ela dê por isso.

[Muitas vezes, conseguem até levá-las ao casamento]

Inebriadas, dizem aos quatro ventos como eles são bons, como eles as tratam bem, como são carinhosos e meigos.

Mas não sabem que por baixo do verniz, do polimento, da pele, está uma serpente.

Dizem que não se deve olhar uma serpente nos olhos. Será que a razão se esconde no facto de que, se a olhássemos, veríamos o seu desejo íntimo de destruição?...

E, no entanto, há sempre um dia fatídico em que esses homens se mostram tal qual são: agressivos, mal-educados, violentos, egoístas.

São incapazes de pensar no outro, de sofrer por ele, de perdoar ou fazer-se perdoar.

Duros. Cínicos.

Crêem-se fortes, mas na realidade são dignos de dó. A sua força reside na fraqueza dos outros. No seu medo. Na sua humilhação. Quando isso não existe, sentem-se acossados, deprimidos. Retiram-se, isolam-se. Sentem-se eles próprios vítimas das circunstâncias, da vida.

Estes homens-serpente são o tipo mais perigoso, de todos os tipos de homem que existem... porque não andam, deslizam.

Um conselho: Olhem sempre uma serpente nos olhos. Verão se lá dentro existe um homem.

R*

5 de Setembro 2010"


Obrigada Rosário, pela tua clarividência.

Há, efectivamente, pessoas assim...


Teresa VV

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