Thursday 20 August 2009

Nomadic.0910: Stories of Art and Science

Mais um evento transdisciplinar que muito me apraz divulgar, o projecto Nomadic.0910, que se inicia próximo dia 17/Setembro com uma conferência intitulada Stories of Art and Science. Somos informados pelo seu website (http://nomadic0910.wordpress.com/conferences/) que:

Nomadic.0910 is a project of multiple events exploring art and science. It is anchored on the idea of circulating on a two-way road, exploring this fundamental, reciprocal question:
  • How does science benefit when placed in artistic territories?
  • How does art benefit when it rehearses itself as science?

Duas boas questões, quanto a mim. A relação entre arte e ciência tem sido longamente debatida mas nunca como agora este território se apresenta como um espaço de possibilidades infinitas em termos de criação de novos saberes. É sem dúvida aqui que o futuro se ensaia hoje.

Este esforço de convergência entre narrativas tidas como opostas é de louvar. Tal implica o reconhecimento de que não há um conhecimento totalizante ou um saber hegemónico seja ele científico, técnico, artístico ou de outra natureza qualquer. Nós precisamos de TUDO e de TODOS!

O mundo que vivemos é altamente complexo e volátil. TUDO muda a TODO o momento. É difícil termos as "verdades absolutas" dos outros tempos. Se tal deixa as pessoas inquietas e inseguras, também pode ser trampolim para novas aventuras e experiências na nossa vida. E porque não mudar e começar de novo? Este é o desafio excitante dos dias de hoje.

Por essência sou partidária de um saber que sai da sua torre de marfim e que dialoga com o Outro. Este diálogo nem sempre é fácil mas é possível e desejável. Parece-me que é nesta direcção que a humanidade tem de seguir o seu rumo: no sentido de ser capaz de comunicar com o Outro, independentemente deste ser seu semelhante ou seu dis-semelhante.

Tvv

Esta temática toca-me de forma muito particular. Toda a minha vida vivi na tensão de ter de escolher entre o científico e o artístico (entre outras dicotomias). Em vez de idolatrar os saberes "clássicos" defendi os saberes "híbridos", com toda a incompreensão que isso acarreta, pois são os únicos capazes de criar pontes entre o Eu e o diferente de mim. Sem dúvida a minha utopia é a da união dos opostos: desafia-me, fascina-me e explica-me.

3 comments:

  1. Sendo certo que, a relação entre a arte e ciência nunca foi tão debatida como nos dias de hoje e, como tu dizes e bem, apresenta sem dúvida uma infinidade de possibilidades criativas e novos conhecimentos, provando que é no PRESENTE que se testa o FUTURO.

    Concordo plenamente contigo, quando dizes que vivemos num mundo complexo e volátil e, claro que isso deixa os humanos inseguros e com medo, afinal, tudo que é novo, diferente, acarreta a sua dose de medo - faz parte da natureza humana. E, actualmente temos assistido a trampolins para novas experiências, algumas das quais bem interessantes!

    Quando dizes – “E porque não mudar e começar de novo? Este é o desafio excitante dos dias de hoje.” Sem dúvida que o é, e eu sou prova disso, pois resolvi começar de novo (vamos é ver no que vai dar...)

    Quando dizes –“ Este diálogo nem sempre é fácil mas é possível e desejável. Parece-me que é nesta direcção que a humanidade tem de seguir o seu rumo: no sentido de ser capaz de comunicar com o Outro, independentemente deste ser seu semelhante ou seu dis-semelhante.” e, dizes que –“Em vez de idolatrar os saberes "clássicos" defendi os saberes "híbridos", com toda a incompreensão que isso acarreta, pois são os únicos capazes de criar pontes entre o Eu e o diferente de mim.” Concordo plenamente contigo, nesta tua perspectiva, binómio Arte/Ciência.

    Contudo, e já agora lançado para o ar outra questão, esta numa outra perspectiva, que muito se fala ultimamente, a da evolução futura do binómio Homem/Ciência, ou seja, os que defendem os seres híbridos.

    Dois tipos neste caso: Homem com componentes electrónicas para acelerar/melhorar o seu cérebro ou substituir partes do corpo, e a outra (a perigosa..), as das máquinas capazes de operações complexas e cada vez mais “Humanas”. Num futuro não muito longínquo, talvez na geração dos nossos netos, se não houver muito bom senso por parte do homem (penso eu), será que o planeta azul terá capacidade para reagir e resistir à inevitável disputa/diálogo entre tais híbridos, semelhantes e ao mesmo tempo tão dis-semelhantes. Dada a minha experiência ligada à produção de sistemas informáticos, para mim estão questão tem um fim bem claro. Tendo em conta alguns projectos/protótipos actualmente em desenvolvimento e em fase de teste e, sabendo até que ponto a ganância do homem o cega... no final, a vitória será a da máquina “quase humana”!

    E agora pergunto eu: e nós, a raça humana, onde ficamos nesta relação entre o homem e a ciência ?

    Pensem nisto.


    Abraço,
    CR/de

    www.carlosribeiro-photos.blogspot.com

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  2. Olá «Pedaços de Tempo»,
    Só uma sugestão. ouviste falar no Australiano STELARC? Ouví-o num seminário há mais de uma ano e mudou algo em mim. E minha percepção sobre os limites da Arte e do ser Humano mudaram. Ele toca nessa questão dos híbridos Homem-Robot. Eu continuo a ser optimista por natureza e acho que o bom-senso prevalecerá, mas haverá sempre alguém a puxar as pontas dos fios da existência humana. E tal não me assusta. Não podemos parar a curiosidade pura pelas coisas. Acho que por essência gostamos de experimentar os limites de tudo. Não me parece mal, desde que depois façamos as nossas escolhas com responsabilidade.

    Mas que estou aqui a dizer? Este assunto levanta muitas questões. Digo apenas que gosto cada vez mais do trabalho visceral e coerente do STELARC. Ele transformou-me.
    Teresa

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  3. Olá «Ginha no país das maravilhas»

    Sim, já ouvi falar. Mas, como tu dizes e bem, ele tocou (apenas isso..) na questão dos híbridos Homem-Robot.
    Mas esta questão, e por aquilo que eu sei dele, está um pouco para além dos seus conhecimentos nessa matéria.
    Só a título de exemplo, actualmente já existe em fase de teste e com resultados bem sucedidos, “máquinas-homem” construídas a partir de compósitos e ligas especiais praticamente industrutíveis, munidas de “cérebros” baseados em algoritmos sofisticados de Inteligência Artificial. Até aqui, tudo bem...

    O problema é que estas são auto-suficientes quer em termos de energia para se mover, dado “alimentarem-se” de simples pedras, isso mesmo, pedras!!!, quer na capacidade de multiplicarem-se a partir de minerais existentes na terra a uma cadência extraordinária. Como se isso não bastasse, têm capacidade para “refinar” (i.é., evoluir) os seus próprios algoritmos de Inteligência Artificial sem intervenção humana.

    Ora, o que mais há à face da terra fora a água, é crosta terrestre que contém pedras e diversos minerais como tu bem sabes.

    Agora, imagina o seguinte: estas máquinas nas mão erradas ? ou, dado que possuem capacidade autónoma, elas poderão facilmente sofrer um desvio e evoluir no sentido errado!..

    Agora, olha para a história e diz-me o que ela nos tem mostrado até à data ?

    Entre muitas coisas, duas essenciais:

     A espécie/ser vivo que mais evoluí e trouxe progresso ao planeta terra em todos os sentidos foi a espécie humana;
     A espécie/ser vivo que mais prejudicou o planeta azul em todos os sentidos foi a espécie humana!

    E eu pergunto, qual a espécie à face da terra mais imprevisível, contraditória, gananciosa e perigosa ? a espécie humana!!!

    E olha que eu sou uma pessoa optimista, mas às vezes penso que alguns cientistas (e países) mais parecem preocupados em igualar-se a Deus. Enfim, só o futuro dirá o desfecho da humanidade.

    Mas como tu dizes e bem, este assunto levanta demasiadas questões. Por isso, fiquemo-nos pelo binómio Arte/Ciência, algo que actualmente me agrada bem mais que a dos híbridos Homem-Robot.

    Fica bem,
    CR/de
    www.carlosribeiro-photos.blogspot.com

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