Friday, 29 January 2010

Objectivo 2010

O meu objectivo é criar um evento performativo por ano
E já é muito!
O de 2009 já está aí
O de 2010 ainda está para vir
Preciso de ideias
De um estímulo
Um tema, um letmotiv
A partir daí tudo segue o seu rumo natural

Que tal
"the moment I saw you, I knew I could love you"


Teresa vv

Concurso para Apoios Pontuais da DGArtes

A Direcção-Geral das Artes anuncia a abertura do procedimento concursal da modalidade de Apoio Pontual para 2010, que visam a promoção de actividades artísticas a decorrer em todo o país e até ao final do primeiro semestre de 2010. Está prevista, através de Despacho de Sua Excia a Ministra da Cultura de 30 de Dezembro de 2009, a atribuição de um máximo de 50 apoios, distribuídos por quatro patamares financeiros, num montante global de 800.000 Euros.

Para este procedimento, são elegíveis entidades de criação, entidades de programação, entidades mistas, desde que sediados no território de Portugal continental, bem como grupos informais e pessoas singulares. Todas as áreas artísticas tuteladas pela DGArtes são abrangidas pelo Apoio Pontual: arquitectura, artes digitais, artes plásticas, cruzamentos disciplinares, dança, design, fotografia, música e teatro.

Os apoios a conceder visam os seguintes domínios artísticos: criação, programação, interpretação, experimentação, residências, formação artística e técnica, formação e desenvolvimento de públicos.

APOIO PONTUAL 2010 - DISTRIBUIÇÃO POR PATAMARES FINANCEIROS:
De acordo com o Regulamento das Modalidades de Apoio Directo às Artes, constante do anexo I à Portaria nº 1204-A/2008 de 17 de Outubro, as candidaturas a este procedimento são apreciadas em conformidade com os critérios estabelecidos no artigo 17º. São prioridades estratégicas para este procedimento: o carácter inovador e natureza singular dos projectos e seu potencial de afirmação no contexto das artes nacionais e internacionais; a criação de oportunidades para a qualificação de artistas e outros agentes, numa perspectiva de formação de equipas que privilegie a emergência de novos valores no contexto das artes contemporâneas; e o contributo para a equidade de acesso à fruição das artes por parte dos diversos públicos.

As candidaturas a este procedimento são apresentadas através de formulário online, até às 17h do dia 2 de Fevereiro de 2010, e serão objecto de apreciação pelos serviços técnicos da DGArtes.

Lisboa, 8 de Janeiro de 2010

Thursday, 14 January 2010

ANTI - Contemporary Art Festival 2010 (Finland): Call for proposals

http://antifestival.com/anti-2010/lang-pref/en/

Call for proposals

ANTI Festival 2010 will focus on textual, written and language-based responses to site specificity. We encourage artists working across a range of media to consider the following areas of enquiry, these include, but are not limited to:

Page and screen-based responses to site - contextual approaches to publication and dissemination
Mapping and mark-making - geographic and topographic textual processes
Inscription - the materiality of writing
Language and translation – nationhood and place
Writing as performance - live writing as contextual and site-based practice
Performance texts and site-based processes – spatial/contextual engagement and live utterance

ANTI – Contemporary Art Festival will be held in Kuopio, Finland between Sept 29th – Oct 3rd 2010.ANTI is an international contemporary arts festival presenting site-specific works made for public space. Over the past eight years ANTI has presented live, sonic, visual and text-based art from today’s most exciting and innovative artists. A truly international festival and Finland’s foremost presenter of Live Art, ANTI is a meeting place for artists and audiences fascinated by how art shapes and responds to the places and spaces of everyday life.

ANTI’s emphasis is on site-specificity. The festival understands this term in an expanded sense; proposals may suggest works that deal with a site geographically, culturally or by association etc. The proposal form asks artists to state their preferred site for their project. Please think carefully about where and how a project will be sited. The festival will undertake all negotiations to allow projects to use public/private space. Please remember that ANTI does not programme works for gallery or theatre spaces.

As ANTI festival takes place in public space it is essential proposals consider a site’s pre-existing ‘audience’; be they passers-by, customers or residents. Alongside those who purposely visit the festival, a substantial part of ANTI’s audience are members of the public who come across the works by chance.

desabafo

se não fosse a internet que seria de mim?
ela põe-me em contacto com tudo aquilo que gosto e me desafia
assim estou num cantinho qualquer
mas não me sinto desligada dos acontecimentos

finalmente, começo a ter saudades da ilha (UK)
de tudo o que ali se passa a toda o momento
da diversidade, do radicalismo, da vanguarda, dos festivais mais estranhos,
das pessoas, dos artistas, dos livros
preciso desse ar
dessa liberdade
da pesquisa constante

o conforto não me chega
não consigo me acomodar a uma vida burguesa
repetir os modelos do passado
depender a minha visão do mundo daquilo que dá televisão
não consigo ver a vida por um buraquinho
por um horizonte estreito

por isso preciso de artistas radicais
de festivais alternativos
de conferências sobre temas bizarros
há algo no maldito, no radical, no visceral
que me intriga
me põe viva
me desafia

desafia o conforto da minha vida

tvv

Tuesday, 17 November 2009

teresa vila verde no FeministizARTE

música ou performance? eis a questão

concepção musical e performer: teresa vila verde
direcção artística: vítor alves da silva
luz: margarida alves
vídeo: joana fernandes gomes
som: joão pedro carvalho

Evento performativo que cruza a música, o teatro, a performance, o vídeo e a instalação. Ao apresentar uma pianista que canta e fala, que conta histórias autobiográficas, que gosta de explorar inusitados espaços sonoros do seu instrumento e da sua voz, este projecto pretende desafiar convenções acerca do que é um concerto, uma pianista e uma mulher. música ou performance? eis a questão tem como base a improvisação, sendo esta pontuada com referências a outros universos musicais.

Evento que resulta da participação no workshop Autobiology, orientado pela dupla anglo-americana Curious (http://www.placelessness.com/) e parte integrante do National Review on Live Art (Glasgow, Fevereiro 2009), cujo objectivo foi explorar o visceral e os “gut feelings”, as conexões entre o corpo e a mente, biologia e autobiografia, visando a criação de material artístico “straight from the heart”.

Teresa no workshop autobiology


Para saber mais sobre esta e outras performances consulte a página:
http://www.myspace.com/teresavilaverde

Tuesday, 3 November 2009

Desabafos de um Médico

Uma das experiências mais marcantes da minha vida de estudante foi assistir ao segundo parto da minha vida. Houve o meu há 25 anos. E houve o de uma jovem mulher que nunca conheci numa das já longínquas semanas de aulas na Faculdade. Era o Bloco de Obstetrícia que decorria e, em toda a ignorância daquele momento, assistia a uma das maiores alegrias que o género humano pode conhecer. O nascimento de alguém.

Muitos anos mais tarde, confrontei-me com a vivência do doente demente. E atroz o sofrimento e a perda de dignidade. Era um médico interno incauto e, a meu lado, estavam dois adolescentes. O pai, de idade avançada - mas, como sabiamente se diz em Psiquiatria Geriatrica, ainda "jovem" -, prostrado na cama. E aqueles dois olhares, a estrondarem esperança e desespero por todos os lados, seguiam-me por todo o lado. Auscultava aquela pessoa, que ardia de febre e frases soltas e desconexas. Os adolescentes, irmao e irma, vertiam discretas lágrimas. Diziam-me que não tinham mais ninguém com quem contar. Estavam, de facto, sós. A demencia de alguém é partilhada. Não estamos sós na doença.

Por momentos, olhava o corredor que dava em frente daquele quarto. Um outro doente deambulava pelo corredor, sem sentido definido. Como a vida da maioria das pessoas, talvez. Soltava gemidos, ininteligíveis. E a alma, que lutava por um pouco de dignidade, ia e vinha. O corpo daquele doente "trausente" movia-se de uma força inanimada, quase que por inércia. Olhava, incredulo e chocado, a manifestaçao violenta do que é a demencia. E, para muitos doentes, o estado de morto-vivo. Se-lo-a, um dia, para algum de nos?

Olhava de novo o doente, pai daqueles jovens. E pensava com toda a minha coléra e raiva se era "justo" uma vida humana se hipotecar daquela forma espectacular. O homem fora um dia um menino, com sonhos e projectos por concretizar. Era ignorante de todos os misterios insondaveis da vida humana que, mais tarde ou mais cedo, o peso e angustia do tempo que passa, fatalmente, nos traz. Poucas vezes nos atrevemos a revisitar a nossa existencia e a nos colocarmos as questoes fundamentais que gravitam em torno da aspiraçao mais universal: ser feliz. Alguma vez aquela pessoa imaginara terminar assim a sua vida? Senti-me, por momentos, e no usufruto do meu egoismo, o homem mais sortudo à face da terra. Quao melhores, talvez "bons", seriamos, de facto, se dessemos o real valor ao "taken for granted" dos nossos dias.

Muitas vezes, é a força fatal da demencia que sopra, com elegancia, os pilares ocos que nos constituem. O estado de "doença", na medida em que nos fragiliza, devolve-nos, muitas vezes, a verdadeira noçao do que é importante. Dissolve o narcissismo e a prepotencia subtil que a vida colectiva e de "copetiçao" nos imprime. Muitas vezes, sem que sequer tao pouco disso nos apercebamos. Por vezes, tarde demais. E ao olhar aquele homem, cadaver adiado que jamais voltaria a procriar, senti a minha mortalidade em todo o seu peso. Nos, médicos, temos um medo desgraçado da morte - quem nao tem? - e muitas vezes cometemos o "erro" estrondoso de conceber um acto médico isolado da carga afectiva, de "sentido", que pode significar uma mudança num rumo de vida. Ver o corpo de um doente demente putrificar-se, devorado por todas as possiveis e mais baixas co-morbilidades que se pode imaginar, é brutal. E horrivel chegar a casa e, enquanto o meu flatmate come um pessego, dizer-lhe, friamente, que uma doente morreu naquele mesmo dia depois de ter aspirado o caroço de um pessego. Adivinhem la? Sim, sofria de uma demencia e a Mae-Natureza, que felizmente nos fez mortais - aos bons e aos maus, aos corruptos e aos justos, aos egoistas e aos solidarios -, escolheu daquele modo ceifar a vida daquela mulher inocente.

Pergunto-me, por vezes, se realmente damos valor a estas coisas. Na anestesia fulminante que vivemos hoje, que tem o seu esplendor na solidao e na devassidao das conversas que gravitam nos ares de Nova Iorque e todas as grandes cidades, que tempo nos concedemos para renovar o "nosso" sentido? Ulisses, moldado por forças divinas, viajou longos anos pelos recessos do Mundo antigo à procura da sua "casa". Como bem diz Antonio Lobo Antunes, a moral da historia de Ulisses "foi ter chegado atrasado a casa".

Olhava o exterior daquele quarto triste. O vento soprava, suave, e libertava as folhas menos resistentes das arvores de Belle-Idée. Ao meu lado, aquela pessoa, que de todo desconhecia, estava ja "a caminho". E os dois adolescentes, cheios de ternura na sua expressao de perda, abraçavam-se.

Há dias fui ao dentista. Disse-me que tinha uma carie, mas que teria de escolher entre tratar isso ou fazer a limpeza dentaria que motivara a minha consulta. Pensando neste doente "demente" (e que, na realidade, podemos ser muito dementes na ausencia de demencia), com toda a frieza do Arctico, achei que aquele dentista nao tinha categoria para ser médico. E atroz que haja cada vez mais "profissionais da Medicina" e cada vez menos "profissionais na Medicina".

A coisa mais odiosa que nos pode suceder é a escolha voluntaria da "demencia" e da ignorancia de si.

Vítor Hugo
1 Nov 09

Sunday, 11 October 2009

Fuga de Luanda: a única escola de música Angolana

Tive a sorte de ver este documentário no passado Sábado na RTP2

vieram-me as lágrimas aos olhos

(que benção são estas lágrimas para mim... SINTO-me finalmente)

Ouvir um piano desafinadíssimo; ver umas instalações muito precárias mas cheias de vibração humana; ouvir falar de "Romantismo" num contexto africano; ouvir o Alfredo tocar a "sonata ao luar" de Beethoven... fico sem palavras.

Mas pior são os preconceitos que os alunos, em especial as mulheres, têm de enfrentar. "Você vai estudar o quê??"

Uma delas (Domingas, 42 anos, divorciada, 5 filhos, desempregada) vivia deprimida na sua condição de mãe e esposa (a única permitida às mulheres). Encontrou nesta escola a alegria e o sentido que lhe faltava. Ao ponto de ter de se divorciar porque o marido lhe batia e ameaçava de morte por ser estudante dessa coisa estranha.

Joana diz que o seu companheiro a obrigou a escolher entre o casamento e a escola de música. Escolheu continuar os seus estudos. Quer ser a primeira mulher - baterista angolana, apesar do professor ter desaparecido a meio do ano.

A directora da escola recebe constantemente ameaças de morte pelo facto de ser mulher num cargo de chefia. É muito difícil ser-se "chefiado" por alguém que usa saias. Ela decide ir-se embora e a escola fecha.

Alfredo, que escapou ao destino de ser soldado, luta por um espaço seu na música. Ele toca Beethoven com uma dedicação e abnegação louvável. Um amor gratutito a algo que acredita e sente como único caminho possível para a sua vida.

O documentário vai mais longe e filma estes estudantes em suas casas. Ver um dos filhos a tomar banho numa bacia pequena com a ajuda de um caneco, tocou-me fundo outra vez...

É incomparável esta situação com a nossa. Sim, estão muito "atrasados" dos índices ocidentais, quer musicais, sociais, quer escolares; mas aqui tal comparação nem se põe. Esta escola é MUITO mais do que qualquer índice europeu.

É preciso resistir ao apelo fácil de considerá-los "coitadinhos". Eles são é uma FORÇA DA NATUREZA! E por isso, uma inspiração para mim.

Todas as escolas de música Portuguesas deveriam ver este documentário. Porque é fundamental não esquecer a essência da música, o seu papel na vida das pessoas. Sejam elas profissionais, estudantes, meros diletantes, amadores, melómanos ou simplesmente pessoas. É primordial nunca deixar de sentir a compreensão, a alegria e o sentido que sentímos naturalmente em criança, mas que muitas vezes se esmaga face a uma competição desenfreada onde o tudo vale.

Nesta escola vi e senti a importância da Música na vida das pessoas. Não o esqueçamos!

Teresa

Para saber mais, consultar http://www.escapefromluanda.com/about.php