Monday, 24 October 2011
Tuesday, 18 October 2011
Vídeo "Straight from the Heart"
Straight from the Heart from Teresa Vila Verde on Vimeo.
TVV
Entrevista a Semanário da Póvoa de Varzim
SECÇÃO: Cultura | |
Entrevista a Teresa Vila Verde A Dança dos Sentidos "Nascida em Barcelos em 1974, Teresa Vila Verde é licenciada em Bioquímica pela Universidade do Porto e é licenciada em piano pela Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo. Tem mestrado em Música Contemporânea pela Brunel University, West London e dá aulas de piano na Escola de Música da Póvoa de Varzim. Na 4ª edição do Festival de Teatro É-Aqui-In-Ócio, venceu o prémio do público, melhor performance, com o vídeo “Straight from the heart”. A Voz da Póvoa – Como é que descobriu o caminho da performance? Teresa Vila Verde – Foi com a música contemporânea e por influência do compositor americano George Crumb. Comigo o piano tem que estar amplificado para as pessoas ouvirem todas as vibrações. Tenho a escola do som perfeito, do clássico, sei o que é tocar bem e gosto disso. Mas também gosto de explorar os sons da madeira, o som do gesto, das vibrações do corpo no piano. Foi uma linguagem que desenvolvi no meu projecto de improvisação. A.V.P. – Os seus espectáculos convivem muito com o momento de improviso? T.V.V. – O momento é importante mas a improvisação tem muito trabalho. Nos ensaios vou criando esquemas e linguagens que funcionam como marcações. Mas depois, em palco, nunca sei exactamente o que vou fazer. Sei começar e como acabar, quando vai ser mais agreste ou mais doce, mas não pretendo perder a espontaneidade. Há um tempo elástico que nos permite ir sempre mais além. Nada colide, tudo se completa. A.V.P. – Há alguma situação em que o piano possa sair mal tratado? T.V.V. – Sei onde ponho as mãos e a forma como as coloco. Isto de ir para dentro do piano em busca de sons já se faz desde os anos 60 do século passado, não inventei nada. O gesto é realmente forte mas a estucada é suave. Com o piano tento fazer abordagens diferentes do convencional, mas tem muito teatro. Tal como na infância, volta-se ao espanto e à surpresa. A.V.P. – Cada espectáculo que faz é um mundo de afectos que procura? T.V.V. – Tem que ser capaz de transformar os outros e de me transformar. Pina Bausch sempre falou do amor e eu gostava de homenageá-la com um espectáculo sobre o amor. A falta de amor gera vazios. Tal como o espectáculo, o amor é uma construção, implica saber lidar com a frustração e com a dúvida. A.V.P. – Como se libertou de uma sociedade pouco aberta ao imaginário? T.V.V. – Venho de uma sociedade católica em que o corpo é pecado e de uma escola intelectual onde o corpo não existe. Continuo a ser profundamente cristã nos valores, mas penso pela minha cabeça e analiso segundo os contextos. Tenho muito respeito pelo outro ser humano. Sei que vivo num mundo que parece não ter valores, onde não há a educação para o amor. Isso choca-me. A.V.P. – Como professora de piano o quê que mais investe nos alunos? T.V.V. – Tento criar relações genuínas com eles. É importante interligar a música às suas vidas e não fechá-los no dogmatismo da perfeição que se adequa ao século XIX e à estética do centro da Europa. Os miúdos são inventores e improvisadores natos. Sou uma pessoa adulta e não me apetece esconder nada das crianças. Não consigo ter vidas duplas nem máscaras. A.V.P. – Gostaria de continuar a conciliar o ensino com o espectáculo? T.V.V. – Quero continuar a dar aulas e fazer as minhas performances. Sinto que sou uma boa professora para miúdos tímidos, que têm que ser desembrulhados, porque fui essa criança na infância. Não quero fechar-me seis horas no piano sem falar com ninguém. A arte não é um sacerdócio. Quero uma vida. Eu sei que sou uma pessoa feliz. As pessoas que não têm a segurança dos afectos são muito mais vulneráveis." In Jornal "A Voz da Póvoa" de 12/Outubro/2011 |
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