Friday 17 December 2010

Falem-me de Amor... Pina Bausch

"Falem-me de Amor", disse Pina Bausch. Talvez esta frase resuma todo o espectáculo de Alain Platel, "Out of Context - for Pina", apresentado hoje em Guimarães no CCVF.

A mistura do universo grotesco, caótico e fortemente sexual de Alain Platel, com a expressão humanista, silenciosa, ternurenta de Pina Bausch parece á partida algo incongruente. E é! Mas é exactamente da mistura destes dois universos opostos e tão fortes que nasceu o Belo!

Ambos partilham a temática da complexidade das relações humanas...será que algum dia entenderemos as nossas diferenças? Será que algum dia teremos resposta para isto que chamamos de Amor?? Aqui há uma resposta...

Um bailarino pede ao público para alguém dançar com ele, para lhe tocar... após alguma hesitação uma rapariga salta para o palco e abraça-o! E depois outro. E depois outro. Em poucos minutos temos uma pequena multidão, onde ninguém conhece ninguém, que se abraça e se toca...tal como Pina teria desejado...

Isto acontece no final d espectáculo ao som de uma versão incrível de "Nothing compares to you". É aqui que me saltam as lágrimas de forma incontrolável (lá se vai o eyeliner, colocado com tanto cuidado!). Porque a vida é assim. Porque todos precisamos de ser abraçados, de ser tocados, de ser amados...

Esta foi a versão que ouvi, de Jimmy Scott, a cantar estas palavras tão dolorosas...



Uma Teresa fortemente emocionada!

Tvv

Saturday 4 December 2010

O problema do "sentir"



A dança é outra das minhas paixões.
Quando vi ELECTRA da Olga Roriz algo mudou em mim.
Esqueci tudo e todos e só me lembro de fugir do teatro para, escondida, chorar...
porque não compreendia o que sentia
porque estava sufocada de tanto "sentir"
por tomar consciência que "não sentia" na minha vida
porque estava FELIZ por conseguir "sentir" novamente.
Eu preciso da Arte para ser um humano pleno!

Tvv

Friday 3 December 2010

Manifesto: Não deixem a luz morrer!

Os dias que vivemos não são fáceis, especiamente para quem vive das artes. Por isso aqui fica o meu pequeno acto solidário com a minha amiga designer de luz, Margarida Alves, porque os sonhos não podem nunca apagar-se!

«Bom dia,

Sou designer de luz e som. Finalizei a Licenciatura, nesta mesma área, este ano na Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo. Trabalho em teatro, desempenhando diferentes funções, há mais de dez anos.

Frequentei meios profissionais e amadores e indiferentemente do meio empenho-me sempre com a mesma dedicação. Este é o meu projecto de vida ou pelo menos esforço-me para que assim seja. Já experimentei diferentes caminhos, ou por vezes não tive mesmo alternativa, atendendo às leis da mais básica sobrevivência, e tive que desviar-me deste percurso que venho construíndo arduamente.

Parece-me que o mergulho nesta vida é feito através do que nos deslumbra é isso que nos move ou nos deve mover, e o meu deslumbramento reside no vislumbre da subtileza dos mágicos reflexos. A luz é a minha poesia, muito mais poderosa do que qualquer jogo de palavras rebuscadas. A luz é a fonte da vida, é o mítico início da nossa existência. O que somos é afectado pela maneira como vemos, seja através da penumbra ou da claridade extrema.

O que pretendo é que o meu sonho não permaneça encerrado entre escuras paredes, e que alguém me dê a oportunidade, os meios, de debruçar-me sobre as infinitas nuances dos raios fugazes.

Sei, por experiência, que estas candidaturas raramente têm algum seguimento e muitas vezes são negligenciadas, logo à partida. Sei que no nosso país nos meandros das áreas artísticas, como em tantas outras, as oportunidades só surgem através do contacto directo, dos "conhecimentos". Sei que na maré negra que atravessamos, face a uma atitude generalizada de desconfiança, de contenção, de depressão colectiva, mais difícil se torna encontrar uma brecha onde possamos mostrar o que somos. (Acho que é urgente remarmos com as todas as nossas forças contra esta maré, desacreditando as mais negras previsões.)

Sem mais delongas, este é o meu manifesto. Manifesto a minha vontade/necessidade urgente em trabalhar. Manifesto a minha crença infinita nos sonhos. Manifesto o meu apreço pela vossa atenção.

Com os melhores cumprimentos

Margarida Alves

2 de Novembro 2010»

Beijinhos minha querida!

Tvv

Wednesday 1 December 2010

A actualidade do discurso de António Barreto: os portugueses precisam é de bons exemplos

Recentemente fiz um trabalho sobre Ética e Educação que incidia sobre a fraude académica, ou seja, o vulgo "copianço" na hora da avaliação. Esta questão, longe de ser nova, adquiriu novos contornos nas últimas décadas com o advento da internet e com o consequente "plágio" dos trabalhos, que atingiu uma dimensão difícil de se qualificar e de se quantificar.

A minha questão é saber como podemos nós, educadores, consciencializar os nossos alunos para as boas práticas éticas, tais como a transparência, a responsabilidade, a honestidade intelectual? A quem compete esta transmissão de valores de ordem ética? A todos nós, é claro, sejamos pais ou/e educadores, sejamos líderes políticos, religiosos e/ou académicos.

Para argumentá-lo não resisti a citar António Barreto, quando diz a certa altura no seu discurso do dia de Camões, de Portugal e das comunidades portuguesas em 2009, o seguinte:

«Pela justiça e pela tolerância, os portugueses precisam mais de exemplo do que de lições morais;

Pela honestidade e contra a corrupção, os portugueses precisam de exemplo mais do que de sermões;

Pela eficácia, pela pontualidade, pelo atendimento público e pela civilidade dos costumes, os portugueses serão mais sensiveis ao exemplo do que à ameaça ou ao desprezo;

Pela liberdade e pelo respeito aos outros, os portugueses aprenderão mais com o exemplo do que com declarações solenes;

Contra a decadência moral e cívica, os portugueses terão mais a ganhar com o exemplo do que com discursos pomposos;

Pela recompensa ao mérito e a punição do favoritismo, os portugueses seguirão o exemplo do mais elevado sentido de justiça.

Mais do que tudo, os portugueses precisam de exemplo. Exemplo dos seus maiores e dos seus melhores. Os exemplos dos seus heróis, mas também dos seus dirigentes. Dos afortunados, cujas responsabilidades deveriam ultrapassar os limites da sua fortuna. Dos sabedores, cuja primeira preocupação deveria ser a de divulgar o seu saber. Dos poderosos, que deveriam olhar mais para quem lhes deu o poder. Dos que têm mais responsabilidades, cujo "ethos" deveria ser o de servir.»

Enquanto houver em Portugal pessoas a pensar assim, sou orgulhosa de ser Portuguesa.

Precisamos é de pessoas com esta CORAGEM!!

Teresa VV

PS. Discurso integral em PDF disponível http://static.publico.clix.pt/docs/politica/antonio_barreto_10062009.pdf